Em meio às tradições de casamentos, a restrição de convidados tornou-se um tema polêmico. Assim como a autora Simone Paget destaca, a questão do plus-one revela aspectos não apenas sociais, mas emocionais que afetam os convidados. Paget, que não pôde levar um acompanhante para o casamento de uma amiga, defende que todos os adultos deveriam receber um plus-one sem a necessidade de justificativas, especialmente aqueles que estão solteiros.
A narrativa começa com um convite inesperado: tornando-se uma das madrinhas de uma amiga, Paget, na casa dos 30 anos, se viu em uma situação delicada após um término de relacionamento significativo. Em busca de recomeço na vida amorosa, ela começou a sair com um colega jornalista. Contudo, ao solicitar autorização para levar seu novo interesse ao casamento, recebeu uma negativa. A justificativa da noiva? Apenas casais sérios, que moravam juntos ou estavam a caminho do casamento, teriam o direito a um plus-one.
Essa decisão, embora compreensível sob a ótica da organização, trouxe à tona sentimentos de exclusão. Ao se ver rodeada por casais, Paget se sentiu deslocada, apenas um convidado solitário. "Descobri que, na verdade, eu seria a única adulta sem par, exceto por um menino que ainda usava fraldas. Isso doeu", escreveu ela, expressando sua frustração. O casamento, apesar de lindo, tornou-se um palco de perguntas constrangedoras e um reflexo de sua solidão.
Paget não condena a amizade, mas coloca em pauta a lógica por trás das regras de convidados. "Um 'random' não influiria em nada no evento, mas poderia ter mudado a minha experiência para melhor", sugere. Ela menciona que a restrição não garante um evento impecável, já que muitos dos casais considerados 'sérios' acabaram se separando posteriormente. Para a autora, os conhecidos podem ser mais constrangedores do que estranhos, trazendo à tona situações embaraçosas com discursos ou toasts mal planejados.
Ao refletir sobre o assunto, Paget se posiciona firmemente: se um casal decide dar plus-ones, todos os adultos devem ter direito, independentemente da gravidade de suas relações. Ela questiona: "Não deveria ser um pequeno preço a pagar para garantir que todos se sintam bem-vindos? Se isso pesa no orçamento, talvez o ideal seria reduzir a lista de convidados ao invés de diminuir as chances de socialização dos indivíduos presentes."
Na evolução de sua vida pessoal, Paget revela ter se assumido como queer, um fator que intensifica sua visão sobre a flexibilidade nas definições de relacionamento. Mais uma vez marcada por experiências contrastantes, ela cita um episódio mais recente quando uma amiga casou e, mesmo sem esperar, ofereceu-lhe um convite para trazer um acompanhante, tornando a experiência muito mais positiva. "Mesmo indo sozinha, a simples oferta fez toda a diferença", conclui. A reflexão de Paget ressoa com muitos que já se sentiram esquisitamente deslocados em um evento que deve celebrar o amor e a união, colocando em perspectiva a importância de considerar todos os convidados com igualdade.