Às vésperas de sua condenação, Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar e radicaliza seus ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). Participando de atos contra a corte de sua residência, o ex-presidente tenta incitar seus seguidores e transformar juízes em réus, em uma estratégia que remete aos seus momentos de maior tensão com o Judiciário.
Desde 2023, Bolsonaro reside no condomínio Solar de Brasília, um imóvel de aproximadamente 400 metros quadrados. Agora, terá mais tempo para aproveitar sua casa, já que está sob prisão domiciliar, consequência de suas contínuas desafiações ao STF. No último domingo, o ex-presidente participou remotamente de duas manifestações contra a corte, demonstrando seu desdém pelas restrições impostas.
Durante esses atos, Bolsonaro fez discursos provocativos. No Rio de Janeiro, utilizou um viva-voz do celular de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, enquanto em São Paulo, fez uma chamada de vídeo com outra figura aliada. Este movimento visa não apenas inflamar a base radical, mas também desestabilizar a confiança na Justiça, com ameaças diretas, como a prisão do ministro Alexandre de Moraes, incitadas por apoiadores de Bolsonaro.
A medida cautelar que restringe Bolsonaro, como o uso da tornozeleira eletrônica, foi ignorada em sua essência. Ao persistir nesse comportamento, o ex-presidente se arrisca a penas mais severas. Ele sabe que a condenação pela tentativa de golpe é praticamente inevitável. Em um último esforço, tenta polarizar ainda mais seus fãs e criar um clima de tensão que possa, de alguma forma, influenciar o juiz do caso.
A ofensiva contra o STF não é uma novidade. Enquanto estava no cargo, Bolsonaro frequentemente usou sua posição para ameaçar a corte e incitar hostilidade entre seus apoiadores, culminando nos eventos de 8 de janeiro, quando as dependências do STF foram alvo de depredações. Eduardo Bolsonaro, mesmo à distância, reforça essa ligação direta com os apoiadores, ameaçando os líderes do Congresso com sanções se suas demandas não forem atendidas.
A retórica de Eduardo nas redes sociais também revela um contraste significativo em relação ao passado. Em 2018, expressou incredulidade sobre um sistema onde existia prisão domiciliar, depreciando a situação que hoje o pai enfrenta. Essa mudança de postura é emblemática e reflete a atual realidade do clamor por radicalização dentro do espectro político bolsonarista.