Um turista britânico de 60 anos foi multado em R$ 90 mil após ser resgatado de uma trilha perigosa nos Alpes italianos, ignorando alertas de segurança. O incidente, que envolveu a mobilização de dois helicópteros e diversos socorristas, destacou também as implicações burocráticas pós-Brexit que afetaram o custo do resgate.
A operação ocorreu na região das Dolomitas, na área de Cortina e San Vito di Cadore, reconhecida por sua periculosidade. O britânico decidiu seguir adiante, desrespeitando sinalizações que indicavam o fechamento da trilha e ultrapassando barreiras de segurança. Ao entrar em apuros e informar que pedras estavam caindo, acionou o resgate, o que levou à mobilização de mais de uma dezena de profissionais.
Segundo o Serviço Alpino e Espeleológico de Vêneto (CNSAS), a operação de resgate aconteceu na última quinta-feira, 31 de agosto. O homem começou sua jornada a partir do Passo Tre Croci e, devido à falta de equipamento adequado para sua localização, foi aconselhado a permanecer onde estava até que a visibilidade melhorasse. No entanto, ele foi encontrado no centro de um deslizamento de pedras, a 2.400 metros de altitude.
O chefe do CNSAS, Maurizio Dellantonio, mencionou a falta de prudência do turista: "O homem passou por pelo menos quatro placas de sinalização e teve que se arrastar por baixo de uma barreira. Outros trilheiros tentaram alertá-lo, mas ele decidiu continuar." Essa situação acendeu discussões entre autoridades locais sobre a condução de resgates em áreas perigosas.
Giuseppe Dal Ben, comissário de saúde da região das Dolomitas, comentou: "O que aconteceu merece reflexão. Helicópteros são essenciais para situações críticas e não devem ser utilizados como táxis." A multa do britânico foi superior à de dois cidadãos belgas resgatados na mesma região uma semana antes, que, como cidadãos da União Europeia, enfrentaram custos menores devido a diferenças burocráticas.
A temporada de trilhas nos Alpes se revelou a mais letal do século, com mais de 80 mortes registradas entre 21 de junho e 23 de julho, conforme dados do CNSAS. Além disso, cinco pessoas continuam desaparecidas, e o aumento de 20% nas chamadas de resgate levou à interdição de diversas trilhas. As autoridades atribuem esses acidentes a condições climáticas extremas, como tempestades repentinas, que provocaram deslizamentos e inundações.
Com o intuito de proteger tanto os visitantes quanto os socorristas, o CNSAS reforçou sua posição quanto à interdição de trilhas. "A operação foi necessária devido à negligência de trilheiros que ignoraram a sinalização, claramente indicando o fechamento da trilha", publicou o órgão em suas redes sociais, incluindo imagens de placas com a palavra "fechado" em várias línguas.