O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrenta críticas após a demissão da chefe do Escritório de Estatísticas do Trabalho, Erika McEntarfer, uma funcionária de carreira indicada por Joe Biden. A decisão, tomada após a divulgação de um relatório econômico insatisfatório, levanta preocupações sobre a manipulação de dados e o controle da informação, ecoando práticas autoritárias conhecidas em outros países.
A demissão de McEntarfer ocorreu após a publicação de um relatório que revelou 73 mil contratações em julho, um número significativamente abaixo das expectativas do mercado. Os dados de maio e junho também foram revisados, revelando 258 mil novos postos de trabalho a menos do que o inicialmente reportado. Apesar da normalidade em revisões desse tipo, Trump desconsiderou esses fatores, afirmando no Truth Social que os números foram manipulados para descreditá-lo, e como resultado, anunciou a demissão da diretora.
Especialistas alertam que ações como a demissão da chefe de estatísticas enviam um sinal de que a integridade dos dados oficiais pode estar em risco. Robert Ruggirello, diretor de investimentos da Brave Eagle Wealth Management, afirmou que a demissão é questionável, pois não há evidência de manipulação dos números. Essa abordagem remete a estratégias adotadas por países como Argentina e Grécia, que foram acusados de maquiar dados econômicos para esconder crises, e a Venezuela, onde economistas independentes foram presos por contestar informações oficiais.
A manipulação de informações e dados econômicos é um procedimento que pode parecer simples, mas é uma armadilha perigosa. A Grécia, por exemplo, admitiu ter forjado dados sobre sua economia para entrar na Zona do Euro, o que resultou em uma crise devastadora nos anos seguintes. Os especialistas apontam que a confiança da população na integridade estatística pode demorar décadas para ser restaurada após episódios como esse. Em resposta à crescente inflação, a Turquia também demitiu seu chefe de estatísticas, mostrando como governos podem tentar ocultar a realidade econômica ao mascarar dados.
Além de sua política econômica, Trump também tem se mostrado disposto a moldar narrativas históricas. Recentemente, determinou a remoção de nomes de pessoas transgênero de monumentos que celebram os direitos civis LGBT+, e demandou que referências aos processos de impeachment contra ele fossem retiradas de exposições. Essa tentativa de reescrita histórica remete a estratégias de líderes autoritários que buscam controlar as narrativas do passado e do presente, comprometendo a integridade da informação.
Michael Patrick Lynch, professor da Universidade de Connecticut, salientou que a democracia necessita de uma ‘infraestrutura epistêmica confiável’ para existir. A manipulação da informação, portanto, é uma ferramenta que líderes autoritários frequentemente utilizam para controlar a realidade e o discurso público. A situação atual nos Estados Unidos, com as ações de Trump, pode levar os cidadãos a um estado preocupante, onde a verdade e a realidade estão sob constante ameaça.
Conforme analistas se aprofundam nas implicações das decisões de Trump, fica evidente que seu governo está em uma linha tênue entre a diplomacia democrática e tendências autoritárias, desafiando a confiança do público nas instituições.