Em um mundo onde a vida dos Hobbits é retratada de forma encantadora, Tales of the Shire apresenta uma experiência que promete capturar a essência tranquila da vida no Condado. No entanto, embora o jogo tenha um tema acolhedor, a execução deixa a desejar, resultando em uma experiência que, apesar de cativante, acaba se revelando superficial.
No papel de um Hobbit recém-chegado à vila de Bywater, os jogadores são convidados a explorar sua nova casa, socializar com vizinhos e cuidar de um jardim. As atividades incluem o cultivo de hortas, a preparação de refeições e a decoração da casa, tudo isso imerso em um ambiente visualmente agradável, que embora não seja fotorealista, traz um charme único aos personagens e ao cenário.
Visual e ambiente de jogo
Visualmente, o jogo encanta com seus designs de personagens variados e um ambiente amigável. A presença de pássaros que servem como guias sutis, em vez de setas intrusivas, e borboletas que indicam itens coletáveis, adiciona um toque inteligente à navegação. Porém, a consistência do mapa é um ponto fraco, com algumas áreas vibrantes e repletas de atividades enquanto outras se sentem desoladas e subdesenvolvidas.
Rotina diária e interação no jogo
A mecânica de jogo é simples e segue um ciclo diário: os jogadores começam o dia com afazeres como regar plantas, decidir entre forragear, pescar ou participar de missões da história. Embora a pesca, por vezes confusa, tenha um fluxo recompensador, a proposta de um simulador de vida se torna limitada em algumas frentes. A falta de indicadores visuais claros nas plantações e as opções de decoração insatisfatórias podem frustrar os jogadores que buscam uma experiência imersiva.
O sabor da culinária Hobbit
Um dos destaques notáveis do jogo é a mecânica de cozinhar e compartilhar refeições. Cozinhar se transforma em um desafio intuitivo, onde encontrar o equilíbrio certo para cada receita é o objetivo, ao invés de memorizar combinações exatas. O ato de convidar vizinhos para as refeições, junto com as suas respostas, proporciona um toque pessoal à interação no jogo, incentivando o jogador a manter uma despensa bem abastecida, principalmente com temperos.
Enquanto alguns hóspedes expressam prazer genuíno nas refeições, outros podem ser mais exigentes. Esses aspectos não apenas enriquecem a jogabilidade, mas também incentivam a exploração de novos pratos e segredos.
Limitações da experiência
Entretanto, nem todas as atividades são gratificantes e a taxa de crescimento das plantações pode parecer decepcionante. A interação com outros personagens é restrita pelas missões, deixando momentos vazios em que o jogador pode sentir-se perdido. Além disso, o transporte limitado ao caminhar pode tornar o jogo arrastado, comprometendo a fluidez da experiência.
A falta de um objetivo emocional impactante é outra fraqueza do jogo. Enquanto o foco se mantém em ajudar Bywater a ser reconhecida, a narrativa carece de um elemento que convença o jogador a se envolver mais profundamente com a história e os personagens.
O contraste com o futuro
Um aspecto intrigante do jogo é a sua linha do tempo. À medida que se estabelece uma vida tranquila em Bywater, o jogador começa a perceber que eventos sombrios estão à espreita no futuro. Com referências a personagens conhecidos, como Rosie Cotton e Samwise Gamgee, o jogador não pode ignorar os ecos do que está por vir, conhecido como o "Escourra do Condado", onde o mundo dos Hobbits muda drasticamente.
Consequências trágicas
No final de O Retorno do Rei, a transformação que atinge o Condado é devastadora. É pesado saber que muitos dos NPCs com quem o jogador interage estarão mortos ou feridos em eventos violentos no futuro. Tal consciência adiciona um peso inesperado à experiência lúdica que, embora inicialmente encantadora, é marcada por uma subcorrente de melancolia.
Avaliação final
Em resumo, Tales of the Shire é uma introdução suave à vida dos Hobbits, ideal para aqueles que desejam experimentar uma versão tranquila da Terra Média. Contudo, o jogo carece de profundidade e polimento, resultando em uma experiência que se torna previsível e com poucas recompensas duradouras. Com uma jogabilidade que precisa de mais conteúdo e objetivos claros, Tales of the Shire apresenta uma promessa que ainda precisa ser cumprida para alcançar seu pleno potencial.
Tales of the Shire está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X/S, Nintendo Switch e PC, custando US$31,49, e a análise foi feita com uma cópia do jogo recebida para avaliação. Nota: 6.5 – Tales of the Shire é aconchegante, mas parece incompleto e carece de um forte apelo.