Um novo relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) destaca a gravidade da situação em Gaza, revelando que apenas 1,5% das terras férteis da região estão disponíveis para o plantio de alimentos. Este dado dramático vem à tona em meio a uma profunda catástrofe humanitária, que se intensificou com a escalada do conflito no território.
Conforme os dados apresentados, 12.962 hectares de terra em Gaza, equivalentes a 86,1% do total, foram danificados total ou parcialmente desde o início da operação militar israelense, que teve início em outubro de 2023. Desse total, 12,4% das terras que não foram destruídas permanecem inacessíveis para os civis, resultando na alarmante porcentagem de apenas 1,5% de terras livres para o cultivo.
Danos e Inacessibilidade das Terras
As áreas mais afetadas foram registradas no norte de Gaza, onde ofensivas aéreas e terrestres resultaram na destruição completa das terras agricultáveis. Em Rafah, no sul, a situação é igualmente crítica, com a ausência de espaços para cultivo. Em localidades como Khan Younis e na Cidade de Gaza, embora existam áreas de terras não danificadas, estas estão sob controle militar e, portanto, não podem ser acessadas pelos moradores.
Deir al-Balah, localizada no centro de Gaza, concentra a maior parte das terras que ainda restam em condições de cultivo, mas menos de 30% dessa extensão estava disponível antes do início da guerra.
Condições de Fome e Cuidado Humanitário
O cenário é alarmante, com especialistas em crises alimentares advertindo sobre uma iminente fome generalizada. Segundo o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, as pessoas estão sofrendo com a fome não por falta de alimentos, mas pelo bloqueio de acesso às áreas de cultivo e ao colapso dos sistemas agroalimentares. Ele enfatizou a necessidade urgente de um acesso humanitário seguro e apoio imediato para reestabelecer a produção local e meios de subsistência.
Antes do conflito, a agricultura representava 11% do PIB de Gaza, com 32% do território utilizado para cultivos, o que ajudava a suprir a demanda alimentar local. Contudo, a destruição causou um colapso completo dessa estrutura, com plantações e equipamentos agrícolas devastados e explosivos não detonados tornando as terras impróprias para uso.
Impacto na População e Perspectivas Futuras
A crise humanitária também é refletida nos dados mais recentes da ONU, que apontam que a maioria dos dois milhões de habitantes de Gaza enfrenta um risco severo de desnutrição. Desde o início do atual conflito, registraram-se 147 mortes por inanição, sendo 88 crianças. Os dados ainda indicam 28 mil casos de desnutrição severa entre menores de idade.