Abu Dhabi está emergindo como uma nova potência na área de inteligência artificial, impulsionada por um crescimento explosivo e substancial apoio governamental. Recentemente, a Câmara de Comércio e Indústria de Abu Dhabi revelou que a quantidade de empresas de IA na emirato cresceu 61% entre junho de 2023 e junho de 2024, totalizando 673. Com isso, Abu Dhabi se tornou o cluster de IA que mais cresce no Oriente Médio e Norte da África, levantando a questão: será que a emirato consegue competir com os gigantes da tecnologia mundial?
Um dos pilares dessa estratégia é a Mohamed bin Zayed University of Artificial Intelligence (MBZUAI), a primeira universidade de pós-graduação do mundo dedicada exclusivamente à IA. Este instituto tem como objetivo cultivar e atrair uma talentosa força de trabalho. Ao combinar esse foco em talentos com um forte apoio governamental e custos reduzidos para os negócios, Abu Dhabi se posiciona como um local atrativo para empreendedores e investidores em busca de alternativas aos mercados superaquecerados dos EUA e da Europa.
Um relatório recente mapeia a geografia dos startups de inteligência artificial que estão emergindo globalmente, com poucas cidades internacionais concentrando capital, talentos e instituições de pesquisa, essenciais para que novas startups de IA escalem. Apesar da inovação em IA ser cada vez mais distribuída, um pequeno número de ecossistemas urbanos lidera a corrida pela equipe mais avançada, com cada centro apresentando uma combinação única de recursos que incluem financiamento, pesquisa profunda, acesso a dados e suporte de políticas. Isso os torna imãs naturais para novos fundadores e investidores.
Os analistas da StartupBlink detalham onde as startups de IA estão se concentrando. O Vale do Silício, na Califórnia, continua sendo o principal polo, beneficiando-se de uma forte rede de capital de risco, universidades renomadas e grandes empresas de tecnologia. Sua cultura que aceita riscos e está disposta a rápida experimentação permite que startups tenham acesso a investidores robustos e a grandes empresas que o compram ou financiam.
Dados mostram que Nova York complementa a Costa Oeste, oferecendo um leque de mercados verticais para IA aplicada nos setores financeiro, de mídia, saúde e publicidade, sendo sustentada por rodadas de investimentos robustas. Na Europa, Londres mantém sua posição como a capital da IA, aliando talentos de universidades de prestígio a iniciativas governamentais generosas e um fuso horário ideal para negócios transatlânticos. Entretanto, a China se destaca por escalar rapidamente e implementar políticas que favorecem a tecnologia, especialmente nas cidades de Pequim e Shenzhen, fortemente apoiadas pelo governo central.
Pequim se destaca como um centro de pesquisa e talento, enquanto Shenzhen brilha em prototipagem rápida de hardware e comercialização de dispositivos acionados por IA, ambos recebendo suporte intenso do governo. Além destes polos, cidades como Tel Aviv se destacam como fábricas de startups, com um fornecimento abundante de fundadores técnicos experientes e talentos especializados. Toronto e Montreal se firmam como potências de pesquisa na América do Norte, enquanto Boston utiliza suas universidades para liderar inovações em IA na biotecnologia.
Ainda que os hubs de IA mais desenvolvidos enfrentem desafios significativos, como os altos custos do Vale do Silício que dificultam a contratação de engenheiros e a pressão competitiva em Nova York, onde a escassez de profissionais qualificados se agrava. Esses fatores criam oportunidades para mercados emergentes como Abu Dhabi prosperarem. Em um contexto de incerteza política e econômica, o maior “salto” pode não ser uma nova tecnologia, mas o surgimento de uma nova cidade. Assim, Abu Dhabi demonstra que chegou a sua vez na corrida global pela IA.