A empresa texana AST SpaceMobile anunciou um plano arrojado para lançar entre 45 e 60 satélites até 2026. Com essa iniciativa, a empresa se posiciona como uma concorrente significativa da constelação Starlink, da SpaceX, na construção de redes de banda larga baseadas no espaço.
Na divulgação dos resultados do segundo trimestre, a AST SpaceMobile revelou ter em caixa 1,5 bilhão de dólares para financiar o lançamento de dezenas de satélites. A notícia provocou uma alta de mais de 10% nas ações da empresa, devido às perspectivas de oferta de cobertura para os Estados Unidos, Europa, Japão e outros mercados estratégicos.
O primeiro satélite da empresa, o BlueWalker 3, foi lançado em setembro de 2022 com o objetivo de testar um plano de rede de banda larga celular espacial acessível diretamente por celulares. No ano seguinte, a AST utilizou seu satélite protótipo para realizar a primeira chamada de telefone 5G a partir do espaço para um celular Samsung Galaxy S22. Desde então, a empresa lançou outros cinco satélites, chamados de BlueBird, e planeja enviar mais 243 ao espaço.
Para aumentar sua rede de torres celulares orbitais, a AST pretende realizar mais quatro lançamentos até março de 2026. "Planejamos lançamentos orbitais a cada um ou dois meses em 2025 e 2026", declarou Abel Avellan, fundador e CEO da AST SpaceMobile.
Com essa aceleração significativa no ritmo de lançamentos, a AST começa a desafiar a posição de liderança da SpaceX no setor. Recentemente, as duas empresas trocaram farpas sobre a disputa pelo uso do espaço em baixa órbita, com a SpaceX enviando uma carta à Comissão Federal de Comunicações (FCC) expressando preocupações de que os projetos da AST possam comprometer a sustentabilidade dessa órbita.
O BlueWalker 3, apesar de suas innovadoras funcionalidades, é bastante volumoso, possuindo uma estrutura que, após ser totalmente desplegada, ocupa uma área de 693 pés quadrados, semelhante a um campo de tênis. Já os satélites Starlink da SpaceX têm sido criticados por interferirem nas observações astronômicas do cosmos, embora a empresa tenha tomado algumas medidas para mitigar essa questão.
Com a previsão de que a SpaceX lanche milhares de novos satélites Starlink e que os satélites de segunda geração BlueBird da AST sejam três vezes maiores que os modelos anteriores, o cenário do espaço em baixa órbita pode mudar rapidamente. Além disso, outras empresas, como o Projeto Kuiper da Amazon, que já possui mais de 100 satélites em órbita, estão se preparando para entrar na disputa, o que pode desafiar o monopólio do Starlink nos céus.