A Kodak, uma das gigantes da fotografia com 133 anos de história, enfrenta um grave risco de sobrevivência devido a dívidas acumuladas que totalizam cerca de US$ 500 milhões, impactando severamente suas operações. A revelação foi feita em um relatório sobre os resultados do segundo trimestre, onde a empresa admitiu a falta de liquidez necessária para honrar esses compromissos financeiros.
Na terça-feira, 12 de agosto, as ações da Kodak (KODK) sofreram uma queda abrupta de mais de 25% na Bolsa de Valores de Nova York, após o anúncio que trouxe dúvidas sobre a capacidade da companhia de continuar suas atividades no futuro próximo.
Um porta-voz da Kodak declarou à CNN que a empresa está confiante sobre sua habilidade de reverter a situação: "Estamos certos de que conseguiremos pagar uma parte significativa da dívida a prazo bem antes do vencimento, além de alterar, estender ou refinanciar o restante dos obrigações".
A Kodak, que dominou o mercado fotográfico no século XX, teve um início promissor em 1892, quando George Eastman patenteou a primeira máquina para revestir chapas fotográficas. Em 1888, a empresa lançou a famosa câmera Kodak, que popularizou a fotografia e fez da marca um ícone cultural, sendo responsável por 90% das vendas de filmes e 85% das câmeras nos EUA na década de 1970.
Além do sucesso, a companhia experimentou a inovação que, ironicamente, contribuiu para seu declínio. Em 1975, a Kodak criou a primeira câmera digital, mas hesitou em investir nessa nova tecnologia, com medo de comprometer seus negócios relacionados a filmes. Essa decisão levou a Kodak a perder relevância em um mercado que rapidamente passou a adotar a fotografia digital.
Depois de décadas de desafios, a Kodak entrou com pedido de recuperação judicial em 2012, contabilizando dívidas que somavam US$ 6,75 bilhões. A empresa conseguiu reestruturar-se e saiu da falência em 2013, mudando seu foco para impressão comercial e tecnologias industriais.
No Brasil, a Kodak se adaptou ao cenário atual e, embora tenha lançado novas câmeras, sua operação principal está voltada para o segmento B2B (business-to-business), oferecendo soluções e insumos para outras indústrias. Entretanto, as atividades de quiosques de impressão e scanners são geridas pela Kodak Alaris, uma empresa separada que surgiu após a venda de algumas divisões da Kodak durante seu processo de recuperação judicial.
Face a esta crise financeira, surgem interrogações sobre o futuro da Kodak e como a empresa poderá navegar por essas águas turbulentas. A história rica da Kodak, marcada por inovações e dificuldades, será um componente crucial para entender os próximos passos da companhia, à medida que tenta garantir sua sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo.