As startups de serviços de programação com inteligência artificial (AI) estão enfrentando desafios significativos relacionados a preços e churn (cancelamento de assinaturas). A movimentação mais recente da StackBlitz, por meio do serviço Bolt.new, tem como objetivo reduzir essa taxa de cancelamento ao oferecer uma plataforma que vai além da simples construção de projetos. De acordo com informações exclusivas da Business Insider, a StackBlitz anunciou na quinta-feira novas funcionalidades e uma reestruturação na assinatura do Bolt, visando manter os clientes mais engajados ao longo do tempo.
O mercado de coding AI está repleto de startups que dependem da revenda de inferências de AI. Essas empresas pagam pelo acesso a modelos de AI de laboratórios avançados e grandes provedores, cobrando dos clientes por serviços de programação personalizados na esperança de lucrar com a diferença. No entanto, uma vez que os usuários completam um projeto, a probabilidade de cancelamento aumenta significativamente, resultando em taxas de churn que podem variar entre 20% e 40% no setor, conforme relatado por Eric Simons, CEO da StackBlitz. Embora ele não tenha revelado a taxa de churn específica do Bolt, comparou à taxa consideravelmente mais baixa de serviços tradicionais como o Wix, que gera a maior parte de sua receita recorrente através de serviços mais estáveis e contínuos.
Simons explicou: "Esse é o problema que todas essas empresas enfrentam atualmente. A taxa de churn para todos está realmente alta. Você precisa construir um negócio que retenha seus usuários". A proposta agora é adicionar serviços mais valiosos e atrativos ao modelo de negócios, e Simons está reposicionando o Bolt com um novo lema: "Construir sem Limites". Segundo ele, a fragilidade de um negócio que se limita à revenda de AI é um risco crescente, visto que as condições de mercado podem mudar rapidamente.
Uma abordagem possível envolve a oferta de uma gama mais ampla de ferramentas que atraem mais usuários para o ecossistema da empresa. Para isso, o Bolt lançou uma renovação significativa nas suas assinaturas, transformando o serviço em uma plataforma de fim a fim, ao invés de ser apenas uma ferramenta de construção. A estrutura de preços permanecerá a mesma para a maioria dos planos, com a única exceção sendo o plano de entrada, que aumentou de R$ 20 para R$ 25 por mês. Agora, todos os planos incluirão hospedagem, domínios, bancos de dados, funções serverless, autenticação, otimização para SEO, pagamentos via Stripe e análise para um número ilimitado de projetos.
O Bolt está colaborando com empresas renomadas, como a Netlify, especializada em infraestrutura, e a Supabase, fornecedora de bancos de dados, para entregar serviços com a mesma escala e confiabilidade que grandes empresas de tecnologia, mas concentrados em uma única assinatura. A visão é manter os usuários dentro do ecossistema do Bolt muito além da fase inicial de criação. Ao invés de exportar seus projetos para outro serviço, os usuários poderão lançá-los, operá-los e escalá-los sem sair da plataforma.
Simons também indicou que os preços por uso só serão aplicados em casos de tráfego excepcionalmente alto, com limites definidos pelo usuário para evitar cobranças surpresas. Essa abordagem é vista como atraente para dois públicos principais: os 'prosumers' (construtores solitários e empreendedores) que lançam novos produtos; e equipes de produtos B2B que usam o Bolt para protótipos rápidos e ferramentas internas. Para estas últimas, permanecer na plataforma é não apenas conveniente, mas também integra o Bolt ao fluxo de trabalho contínuo da equipe, tornando mais difícil a migração para outra solução.
Ao ir "além da construção" e integrar todo o ciclo de vida do produto em uma única assinatura, Simons espera transformar o Bolt em uma parte essencial das operações diárias de seus clientes. Com a movimentação de outras empresas do setor de coding com AI, como Replit e Lovable, que também estão introduzindo novas funcionalidades como hospedagem, a aposta é que, em um mercado que pode mudar rapidamente, oferecer um ecossistema completo e durável é a única forma de escalar de maneira sustentável.