Alunos de escolas estaduais e creches municipais em Avaré, interior de São Paulo, enfrentaram sérios problemas nesta quinta-feira, dia 14, ao ficarem sem alimentação após a troca da empresa responsável pela merenda. A situação gerou preocupação e descontentamento entre pais e professores, sendo que mais de 2,5 mil estudantes foram afetados diretamente por essa mudança.
De acordo com a Prefeitura de Avaré, a antiga prestadora, Sólida Nutrição, realizou a retirada dos estoques de alimentos durante a noite, levando a um desabastecimento inesperado. Porém, vídeos registrados por moradores mostram que a retirada dos itens ocorreu de fato na manhã do mesmo dia. Os alunos da Escola Estadual Coronel João Cruz, por exemplo, não tiveram café da manhã na quarta-feira, dia 13, e também não puderam almoçar no dia seguinte.
A administração municipal afirmou que a nova prestadora, Konserv, recontrataria todas as merendeiras e que o fornecimento de alimentos seria normalizado já nesta sexta-feira, dia 15. Entretanto, enquanto a situação não se regularizava, algumas escolas contaram com a solidariedade de seus funcionários, que compraram sucos e bolachas para os alunos.
A Sólida Nutrição, por sua vez, declarou que recebeu a ordem de rescisão contratual de forma abrupta e sem notificação prévia, considerando a medida unilateral e injustificada. A empresa disse ter seguido as instruções da Secretaria Municipal de Educação para a retirada e afirmou que sua ação foi feita em conformidade com um protocolo estabelecido.
A Prefeitura de Avaré esclareceu que a retirada ocorreu em 52 unidades e que os funcionários da prestadora estavam familiarizados com os diretores das escolas, o que complicou a situação. A administração ainda revelou que está tomando medidas administrativas e judiciais sobre o caso e notificou a Secretaria Estadual de Educação sobre o descumprimento do convênio, que garante a merenda escolar nas instituições.
Na sexta-feira, professores da rede municipal realizaram uma manifestação em frente à Prefeitura para protestar contra a falta de merenda e contra o descumprimento do piso salarial da categoria. A presidente do Conselho do Fundeb de Avaré, Gilmara Abreu Viana, comentou que muitos pais não enviaram seus filhos para as escolas em razão da incerteza sobre a merenda e que o município paga uma remuneração de R$ 16 por hora/aula, um valor inferior ao piso salarial praticado em outras cidades da região. Ela destacou que a alegação da prefeitura sobre a falta de recursos parecia contraditória ao se considerar os recursos disponíveis do Fundeb, que poderiam cobrir as despesas necessárias.