Análise dos Processos de Horas Extras em Campinas
A região de Campinas está enfrentando um aumento alarmante no número de ações trabalhistas relacionadas a horas extras. Segundo dados do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-15), o total de processos registrados entre janeiro e julho de 2025 foi de 16.929, o que equivale a uma nova ação a cada 18 minutos. Este número representa um crescimento significativo em comparação ao ano anterior, que registrou 16.198 ações em todo o ano de 2023.
Crescimento Acelerado nas Ações Judiciais
No primeiro semestre de 2025, a abertura de processos na Justiça Trabalhista de Campinas disparou, atingindo um aumento de 85,3% em relação ao ano de 2024, que já havia registrado 30.028 ações. A situação tem gerado preocupações entre os trabalhadores da região, que estão cada vez mais recorrendo à Justiça para reivindicar seus direitos.
Relatos de Trabalhadores Afetados
Trabalhadores da região têm relatado situações de abuso e falta de pagamento de horas extras. Um motorista de caminhão que preferiu não se identificar, relatou que sua jornada de trabalho frequentemente se estendia em até quatro horas devido a demandas extras de serviços, sem que a empresa pagasse por essas horas. "A gente batia a entrada, mas a saída a empresa batia. Aquelas horas extras a empresa não pagava," contou ele, que entrou com uma ação na Justiça.
Outra trabalhadora, também sem se identificar, processou sua ex-empresa após trabalhar até 14 horas por dia sem receber por isso. Ela mencionou que sua jornada era de oito horas, mas que frequentemente trabalhava de 8h às 22h. Em um relato, ela afirmou: "Ele nunca me pagou hora extra, nunca. E nunca teve banco de horas." Essas histórias revelam a urgência da situação enfrentada pelos trabalhadores em Campinas.
Impacto da Reforma Trabalhista
A juíza do Trabalho, Daniela Giannini, destacou que a reforma trabalhista implementou diversas alterações nas normas relacionadas à jornada de trabalho. "Houve uma ampliação das possibilidades de não se pagar pelo tempo à disposição e uma flexibilização do trabalho," explica. Segundo ela, muitas ações judiciais são propostas quando os trabalhadores começam a sentir o desgaste do excesso de horas trabalhadas, especialmente quando percebem que os limites entre trabalho e descanso estão se tornando indistintos.
A juíza enfatizou a importância de ter uma jornada de trabalho claramente definida: "Ter uma jornada bem delimitada faz com que o empregado tenha bem distinto o tempo de trabalho e o tempo de não trabalho. Isso é muito saudável, porque no tempo de não trabalho ele pode realizar outras atividades, como, por exemplo, estudar, lazer, conviver com a família." Essa reflexão traz à tona a necessidade de debater a saúde mental e física dos trabalhadores em um cenário de trabalho cada vez mais exigente.