Incertezas políticas impactam o setor empresarial colombiano
No maior encontro do setor privado da Colômbia, o Congresso Empresarial Colombiano, realizado em Cartagena, os empresários enfrentam crescentes preocupações relacionadas às eleições de 2026. Com a presença de mais de 2.000 delegados, este evento anual serviu como um termômetro das ansiedades e expectativas do empresariado em meio a um clima político instável.
Durante o terceiro dia do evento, os participantes discutiram o crescimento da economia colombiana, que alcançou 2,1% no segundo trimestre de 2025. Entretanto, essa cifra macroeconômica foi eclipsada pelas inquietações com a realidade política vivida no país, marcada pela ansiedade e a falta de um favorito na corrida presidencial, que tende a concentrar-se em uma diversidade de candidatos.
O impacto do assassinato de Miguel Uribe Turbay
O evento começou em meio a um clima de luto com a trágica notícia do assassinato do senador opositor Miguel Uribe Turbay. Sua morte, após um atentado em junho, gera reflexões profundas entre os empresários que se veem inseguros para investirem. "É muito difícil pensar em investimentos com essa situação”, declarou um executivo de uma das 50 maiores empresas do país. Diante desse cenário, o presidente da ANDI, Bruce Mac Master, buscou oferecer um espaço para diálogos que poderiam moldar estratégias de médio prazo para o país.
Política e a presença de aspirantes presidenciais
A política esteve em evidência, como demonstrado pelas falas de aspirantes à presidência como Susana Muhammad e Roy Barrera, que se reuniram com grupos menores de empresários. Um dos momentos mais marcantes do evento foi a interrupção provocada por Daniel Quintero, ex-alcalde de Medellín, que invadiu o palco durante um debate para protestar contra a falta de convocação ao congresso, desferindo críticas à elite empresarial.
O evento gerou um clima eletrizante e os comentários de Quintero foram intensificados pelo apoio inesperado do presidente da República, que se manifestou contra Mac Master, destilando críticas à diretoria da ANDI e sua suposta falta de abertura.
Preocupações com a percepção pública e o futuro dos negócios
No contexto atual, os rumores de uma crise de investimento são reforçados. Um alto executivo de uma instituição financeira destacou que a incerteza política é o maior obstáculo para a realização de novos projetos. Apesar de alguns setores, como bancos e comércio, apresentarem resultados positivos, outros como a construção enfrentam dificuldades, intensificando o contraste entre a situação econômica e as pressões políticas.
Perspectivas dos empresários para o futuro
Ainda assim, muitos participantes ficaram otimistas após as discussões. Em contrapartida, a realidade do mundo offline revela um cenário de crescente tensão política, que promete se intensificar à medida que se aproximam as eleições. "A realidade vai além das disputas políticas. O setor privado busca soluções para os problemas do país", refletiu um decano de Administração de Negócios. Contudo, a vice-presidente de uma importante entidade financeira insistiu: "Os investimentos estão congelados não por falta de oportunidades, mas pela incerteza que nos cerca".