O Governo de São Paulo se comprometeu a quase dobrar até o final do ano o número de psicólogos atuando nas escolas estaduais através do programa Conviva. Atualmente, cada psicólogo é responsável por até oito unidades escolares, correspondendo a aproximadamente 5 mil alunos, o que dificulta o acesso ao atendimento para muitos estudantes.
A preocupação é evidenciada pela experiência do estudante Luckas Assalin Fernandes, de 16 anos, que não vê um psicólogo na escola onde estuda na Zona Leste há mais de quatro meses. Ele relatou que, embora tenha esperado a presença de profissionais após sete anos naquela unidade, a expectativa não se concretizou. "No início do ano, teve esse acompanhamento com psicólogos, mas foi uma coisa que foi sumindo", afirmou.
Atualmente, 689 psicólogos atendem mais de 5 mil escolas da rede estadual, e especialistas frisam que a ampliação é crucial para melhorar a efetividade do atendimento. A Secretaria da Educação anunciou à TV Globo a meta de contar com cerca de mil profissionais até o fim do ano. Vinícius Neiva, secretário-executivo da Educação, ressaltou a necessidade de ajustes no programa, visando reduzir a carga de trabalho dos psicólogos.
Dados do Censo Escolar 2023 indicam que apenas um quarto das escolas conta com apoio psicológico, e mesmo sendo o estado mais rico do Brasil, São Paulo ocupa apenas a quinta posição em número de psicólogos na rede estadual. O programa Conviva foi criado em 2019 após um ataque trágico à Escola Raul Brasil em Suzano, e sua ampliação é uma resposta a esses desafios, especialmente após incidentes de violência nas escolas.
Psicólogos que atuam na rede escolar relatam estar sobrecarregados, tornando difícil oferecer a atenção necessária aos alunos. Eles acreditam que a falta de informações específicas sobre as escolas prejudica a prioridade no atendimento. O deputado Paulo Fiorilo (PT) entrou com uma representação no Tribunal de Contas pedindo fiscalização sobre a eficiência do serviço.
Um levantamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE) aponta que os casos de bullying e consumo de álcool e cigarro quase dobraram entre 2022 e 2024, com um crescimento superior a 120% no uso de drogas ilícitas no mesmo período. A fiscalização que será realizada pelo TCE deve focar na análise dos gastos e na eficácia do programa Conviva, conforme oportunidade de aprimoramento das políticas sociais no estado.
O presidente da Câmara Municipal, Fernando Holiday, criticou o modelo de atendimento atual, ressaltando a importância de uma abordagem mais estruturada. O TCE assumiu a responsabilidade pela fiscalização, representando uma potencial mudança no tratamento de questões como o bullying nas escolas estaduais. Espera-se que a nova força profissional possa atender não apenas às demandas básicas, mas também contribuir para um ambiente escolar mais seguro e acolhedor.