Nova realidade geopolítica pressiona Brasil a rever gastos com defesa
No cenário internacional atual, dominado por conflitos e tensões geopolíticas, o Brasil se vê obrigado a reavaliar seus investimentos em defesa. Atualmente, as despesas militares Brasileiras correspondem a apenas 1% do PIB, enquanto a média global atinge 2,4%. Essa discrepância levanta preocupações sobre a capacidade do país em proteger suas extensas fronteiras e seus recursos estratégicos.
Desafios orçamentários das Forças Armadas
Segundo especialistas, é fundamental que o Brasil destine recursos adequados às suas Forças Armadas, considerando tanto a dimensão territorial do país, que se estende por 8,5 milhões de km², quanto seu papel no cenário global. No ano passado, investimentos em Exército, Marinha e Aeronáutica foram inferiores aos de países como Colômbia, Uruguai e Chile, colocando o Brasil em uma posição vulnerável.
Gastos com salários em detrimento de modernização
Preocupantemente, a maior parte dos gastos militares brasileiros é destinada a salários e aposentadorias, aumentando as despesas obrigatórias e limitando os investimentos em modernização. Por exemplo, a Marinha do Brasil poderá desativar 70% de sua frota até 2028, o que eleva o risco de insegurança nas regiões que concentram 95% da produção de petróleo do país.
Atrasos no programa de submarinos
O programa Prosub, que visa construir submarinos com tecnologia francesa, enfrenta dificuldades e atrasos. Enquanto três submarinos convencionais já foram entregues, o lançamento do submarino nuclear, que deveria ocorrer na atual década, está agora previsto para 2034 ou até mesmo 2040, caso os cortes no orçamento persistam.
Monitoramento das fronteiras e armazenamento de tecnologia
No Exército, a implementação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) só deve ser finalizada em 2039 devido à falta de recursos. Já a Aeronáutica, que opera caças Tucano para interceptar aeronaves suspeitas, precisa de aeronaves mais modernas para garantir a segurança do espaço aéreo. A compra de 36 caças F-39 Gripen, com 15 deles sendo fabricados no Brasil, também enfrenta obstáculos financeiros e a entrega final está prevista para 2030.
O conceito de defesa nacional e sua importância
Para assegurar a proteção do país, é essencial que a defesa nacional seja entendida como um projeto de Estado, e não apenas como uma questão de governo. Segundo Paulo Alvarenga, CEO do grupo thyssenkrupp América do Sul, "a defesa nacional é um projeto de Estado, não de governo", enfatizando a necessidade de um planejamento estratégico diante do redesenho da ordem mundial.