A recente pesquisa publicada na revista PLOS One apresenta novas evidências geoculturais que sugerem um impacto de cometa na Terra, há 12.800 anos, um evento que pode ter gerado mudanças climáticas significativas. A hipótese do impacto no Younger Dryas, conforme relatado pela arqueóloga da Universidade da Carolina do Sul, Christopher R. Moore, postula que um cometa teria atingido a Terra no final da última era do gelo, provocando uma queda abrupta nas temperaturas do Hemisfério Norte.
No período conhecido como Younger Dryas, as temperaturas na região despencaram, mantendo-se em níveis próximos aos glaciares por cerca de 1.200 anos. Essa mudança abrupta ainda intriga cientistas, mas novas evidências podem corroborar a teoria controversa do impacto do cometa. Os pesquisadores analisaram núcleos de sedimento extraídos do fundo do Baffin Bay, próximo à Groenlândia, onde encontraram indícios de um evento cósmico que coincide com o início do Younger Dryas.
Uma hipótese polêmica
A pesquisa oferece suporte renovado à hipótese de impacto do Younger Dryas, uma teoria sugerida em 2007. Essa teoria afirma que fragmentos de um cometa ou asteroide se desintegraram ao adentrar a atmosfera terrestre, causando incêndios florestais em grande escala na América do Norte. Tais incêndios teriam lançado uma quantidade massiva de fuligem na atmosfera, bloqueando a luz solar e mergulhando o Hemisfério Norte em frio novamente. Apesar das evidências geoculturais, a ausência de uma cratera de impacto torna a teoria um tema de debate acalorado entre os especialistas.
Em contrapartida, a maioria dos especialistas ainda apoia a Hipótese do Pulso de Água Derretida, que sugere que um dilúvio de água doce proveniente do derretimento da grande camada de gelo da América do Norte interferiu temporariamente nas correntes oceânicas que regulam o clima da Terra. Evidências anteriores de núcleos de sedimento marinho suportam essa ideia, mas a rota exata da inundação permanece indefinida.
Buscando pistas de impacto
Moore, em entrevista à PLOS One, sugere que ambas as hipóteses podem estar corretas. "A hipótese do impacto do Younger Dryas é frequentemente citada como uma alternativa à Hipótese do Pulso de Água Derretida", afirmou ele. O que muitos não entendem, segundo Moore, é que o impacto teria potencialmente causado milhares de impactos e explosões de ar globalmente, desestabilizando a camada de gelo glacial no Hemisfério Norte e levando ao colapso de lagos de água derretida, o que acabaria por interromper a corrente do oceano.
Enquanto isso, pesquisas passadas de núcleos de sedimentos terrestres já identificaram evidências geoculturais de um impacto de cometa no início do Younger Dryas. Moore e sua equipe se propuseram a investigar se os núcleos de sedimento marinho apresentariam os mesmos indícios. Eles encontraram múltiplos proxies de impacto dentro dos núcleos oceânicos, incluindo partículas metálicas com composições que sugerem uma origem cometária.
O ceticismo persiste
Apesar das novas evidências, nem todos estão convencidos. Mark Boslough, físico aplicado e professor de pesquisa na Universidade do Novo México, expressou ceticismo. Ele acredita que o estudo não supera os problemas existentes em pesquisas anteriores e sugere que explicações mais simples podem ser mais adequadas às nossas percepções atuais sobre impactos, física de explosões de ar e ciência da terra. Boslough ainda menciona que, apesar de os materiais apresentados parecerem impressionantes, não são resultados esperados de eventos extraterrestres, e teme que os autores não tenham considerado explicações mais ordinárias.