A polarização política no Brasil está ganhando novas contornos, em que a retórica da esquerda parece estar jogando homens nos braços da extrema direita. Este fenômeno é impulsionado por líderes como Donald Trump e Jair Bolsonaro, que celebram uma versão tradicional da masculinidade, contrastando com a crítica que a esquerda faz a comportamentos masculinos considerados imaturos e egoístas.
O conceito de "heteropessimismo" tem emergido, refletindo o desencanto de mulheres com homens heterossexuais. Elas relatam experiências frustrantes em busca de relacionamentos, destacando a falta de empatia e autoconhecimento entre os homens. Especialistas acreditam que essa situação pode ser revertida se os homens reconsiderarem seus privilégios e aprenderem a se relacionar de maneira mais empática.
Essa narrativa tem suas raízes na doutrina identitária, que categoriza indivíduos em grupos oprimidos e opressores, colocando os homens brancos heterossexuais na posição de privilegiados a serem "reformados". Nesse contexto, a masculinidade é frequentemente atacada, levando a um ressentimento que a extrema direita soube capitalizar.
Frases emblemáticas de campanhas políticas, como as de Bolsonaro, que se apropriam da masculinidade performática, mostram como esse discurso atrai eleitores do sexo masculino. Ele, assim como Trump, simboliza a luta contrária à ideia de que homens são os responsáveis por diversos problemas sociais, usando isso para conquistar apoio popular.
Em outros países, líderes populistas de direita, como Lee Jun-seok e Sławomir Mentzen, vêm utilizando um discurso semelhante, reforçando um viés pró-homem em suas campanhas. Essas estratégias eleitorais obtêm sucesso entre o eleitorado masculino jovem, refletindo uma tendência global onde a extrema direita se beneficia da polarização entre gêneros.
Os dados são alarmantes: em eleições recentes na Alemanha, por exemplo, a extrema direita obteve uma fração significativa dos votos dos homens jovens, ao passo que o mesmo fenômeno se observa em países como Reino Unido e Polônia. O que se torna evidente é que a dinâmica entre esquerda e direita, além de polarizar o espectro político, tem impacto profundo nas interações de gênero na sociedade.
A polarização entre gêneros, exacerbada por discursos e retóricas de ambos os lados, não é apenas uma questão eleitoral, mas uma janela para um futuro incerto em que o pessimismo predomina. Tanto a esquerda quanto a direita, ao invés de buscarem um diálogo construtivo, parecem elaborar narrativas que afastam grupos inteiros, acentuando a divisão social.