A Justiça de Mato Grosso do Sul decidiu aceitar a denúncia que torna réus 21 pessoas acusadas de receber propina da JBS, totalizando R$67,8 milhões. Essa decisão vem à tona sete anos após a denúncia inicial ser protocolada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), revelando um escândalo que remonta à gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Os acusados são investigados na Operação Vostok e enfrentam sérios crimes, incluindo organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro. Dentre os réus estão nomes de destaque como Rodrigo Souza e Silva, filho do ex-governador Azambuja, o deputado estadual José Roberto Teixeira e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Márcio Campos Monteiro, junto com o prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra Ribeiro e diversos empresários locais.
A decisão foi publicada no último dia 15 de agosto de 2025 e marca um passo importante na luta contra a corrupção. Segundo as investigações, a propina tinha como objetivo facilitar a obtenção de benefícios fiscais para a JBS, que opera em Mato Grosso do Sul. Os detalhes da denúncia mostram que o dinheiro ilícito foi reinserido no patrimônio dos acusados por meio de doações de campanha e simulações de venda de gados, além de pagamentos em espécie para intermediários.
O ex-governador Reinaldo Azambuja, que também é investigado e apontado como líder do esquema, teve sua situação processual separada. A Justiça entendeu que os crimes estavam relacionados à sua função de chefe do Executivo estadual, mandatos que exerceu entre 2015 e 2022. Embora a defesa de Azambuja tenha solicitado que seu caso fosse enviado à Justiça Eleitoral, essa solicitação foi negada.
Os réus têm se manifestado em suas defesas. O advogado de Rodrigo Souza e Silva, entre outros, expressou confiança na absolvição, afirmando que a aceitação da denúncia é apenas um passo natural do processo. A defesa de José Roberto Teixeira pretende contestar o andamento do caso e propor seu desmembramento ao STJ.
Além disso, o prefeito Nelson Cintra teve dificuldade em comentar devido a compromissos, enquanto outras defesas não responderam até o fechamento deste artigo. A complexidade do caso reflete as questões mais amplas de corrupção e governança no Brasil, especialmente em estados onde a influência da política e dos negócios se entrelaça. As investigações continuam e mais informações poderão surgir conforme o processo judicial avança.