Promessa não cumprida do governo de Ayuso
A Comunidade de Madrid, sob a liderança de Isabel Díaz Ayuso, comprometeu-se a adquirir 175 novas casas para aluguel social, mas, após um ano, apenas cinco propriedades foram compradas. Este descompasso entre o prometido e o realizado foi revelado por documentos acessados por EL PAÍS, que registraram até julho a compra de apenas quatro imóveis, número que, posteriormente, foi atualizado pela Agência de Habitação Social (AVS).
O plano original, que previa um investimento de 47,3 milhões de euros, foi amplamente divulgado em agosto de 2024 em uma nota de imprensa. A expectativa era de que essas aquisições ajudassem a melhorar a situação habitacional de famílias vulneráveis em 21 municípios da região. Contudo, a realidade mostrou-se bem diferente, com uma escassez de 21 ofertas apresentadas por proprietários dispostos a vender seus imóveis, refletindo as dificuldades do mercado.
Críticas à gestão habitacional
Jorge Moruno, deputado do partido Más Madrid, criticou duramente essa situação, destacando a discrepância entre a quantidade de casas prometidas e o número de aquisições realizadas. “Enquanto cidades como Paris e Berlim adquiriram milhares de habitações, Madrid ficou com apenas cinco”, lamentou. O deputado ainda acrescentou que a administração de Ayuso apresenta um cenário de preços imobiliários em alta, tornando a emancipação e o aluguel um sonho para muitos cidadãos.
Dados do portal Idealista indicam um aumento de 59% no preço de venda por metro quadrado desde que Ayuso assumiu o cargo, com os custos de aluguel também subindo 42% no mesmo período. Essa escalada nos preços torna a compra e o aluguel uma realidade cada vez mais distante para os madrilenos.
Desafios na aquisição das propriedades
De acordo com um porta-voz da AVS, do total de 21 ofertas recebidas, cinco casas foram adquiridas, enquanto dez ofertas foram retiradas pelos vendedores e seis foram consideradas inadequadas, não cumprindo os critérios estabelecidos. Esses critérios incluem, entre outros, a acessibilidade das unidades habitacionais e a localização em edifícios que não apresentem problemas estruturais.
A burocracia envolvida na aquisição de imóveis por entidades públicas também tem sido apontada como um fator que dificulta e retarda o processo. O porta-voz explicou que os prazos de compra em órgãos públicos são mais longos do que os praticados no mercado privado, o que pode ter levado os proprietários a desistirem de vender para o governo.
Objetivos do programa habitacional
O projeto visa aumentar a oferta de aluguel social em municípios como Alcalá de Henares, Getafe e Fuenlabrada, entre outros. "Esta iniciativa permitirá aumentar o acesso das famílias vulneráveis ao aluguel social", afirmou o porta-voz do governo no lançamento do programa, ressaltando a importância dessa ação pública. Porém, até o momento, o impacto da proposta tem sido limitado.
As exigências para as propriedades estão bem definidas, incluindo um mínimo de um banheiro completo e um quarto com luz natural em edifícios que contenham elevador, com custos de condomínio que não devem exceder 110 euros mensais. Isso tem como objetivo garantir que as casas adquiridas atendam às necessidades das famílias que mais precisam.
O futuro da habitação em Madrid
O cenário habitacional em Madrid continua desafiador, com uma crescente necessidade de habitação acessível. As consequências das promessas não cumpridas do governo de Ayuso podem impactar significativamente a qualidade de vida de uma população que enfrenta dificuldades para encontrar moradia adequada.
As medidas propostas para a aquisição de imóveis podem precisar de revisões e ajustes para serem realmente eficazes, pois, por enquanto, a realidade mostra que, das 175 casas prometidas, apenas cinco se tornaram uma realidade.