Rodrigo Paz Pereira, um senador de centro-direita da Bolívia, causou surpresa ao liderar o primeiro turno das eleições presidenciais, conquistando 32% dos votos, e agora se prepara para um confronto direto com o ex-presidente Jorge Quiroga, que obteve 26%. Este pleito marca um momento histórico, já que é a primeira vez em 20 anos que não há um representante da esquerda no segundo turno, um reflexo da crescente insatisfação popular com o Movimento ao Socialismo (MAS), que domina a política boliviana desde 2005.
Com um histórico de rejeição aos candidatos tradicionais, Rodrigo Paz conseguiu virar o jogo após aparecer em pesquisas com menos de 10% de intenções de voto. Em um cenário marcado por uma crise econômica profunda, seu discurso de renovação política encontrou um público disposto a apoiar sua proposta, conhecida como "agenda 50/50", que visa a redistribuição de poder e a reforma da Justiça.
Nascido em Santiago de Compostela, na Espanha, durante o exílio de seus pais, Paz é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora. Ele se formou em economia e tem uma carreira política que começou como deputado e passou por várias posições, incluindo vereador e prefeito de Tarija. Atualmente, ele ocupa uma cadeira no Senado e é visto como uma figura que representa uma nova geração de líderes.
O candidato do Partido Democrata Cristão é um defensor do que ele chama de "capitalismo popular", que se traduz em propostas para facilitar o acesso ao crédito, cortar impostos e incentivar pequenos negócios. Ele tem se posicionado fortemente contra o modelo estatista dos governos anteriores e busca apresentar uma alternativa viável ao eleitorado, que claramente está cansado do status quo.
A relação de Rodrigo Paz com seu pai, Jaime Paz Zamora, uma figura central na política boliviana da segunda metade do século XX, passou por um período de distanciamento, mas se reaproximou recentemente. Em eventos de campanha, eles foram vistos juntos, e Paz ressaltou a importância dos ensinamentos do pai, que enfatizam o compromisso com a política baseada no amor e no respeito pela comunidade.
Se ele conseguir manter a posição e vencer no segundo turno, que ocorrerá em 19 de outubro, Rodrigo Paz poderá representar uma mudança significativa nos rumos da política boliviana, trazendo uma nova voz e uma nova abordagem para a presidência, em um momento crucial de reconfiguração no cenário político do país.