O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou nesta terça-feira que o esforço para pautar a anistia já foi feito e que, a partir de agora, ele acompanhará a tramitação da pauta no Congresso. Em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, ele declarou que a urgência aprovada no Colégio de Líderes deve orientar os próximos passos e que a viagem a Brasília, prevista para terça-feira, foi cancelada.
Durante a coletiva, o governador acrescentou um tom de conclusão ao argumento:
“Falei com alguns líderes e presidentes de partido, e o objetivo era justamente esse que saiu no colégio de líderes de hoje, que é a pauta da urgência, prevista para amanhã. Então vamos agora acompanhar. O esforço que tinha que ser feito, foi feito”.Ele enfatizou que não poderia adiantar mais detalhes, mantendo o foco na tramitação em curso.
O próprio Tarcísio havia planejado viajar a Brasília na terça-feira para tratar da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aos envolvidos na trama golpista, mas a agenda foi alterada. Conforme apurou a GloboNews, a avaliação interna foi de que todos os movimentos para pautar a proposta já haviam sido realizados e que a articulação estava bem encaminhada. Com isso, o governador passou a aguardar o desfecho do julgamento que envolve o caso para retornar à capital federal.
Contexto institucional e próximos passos:
O governador, ainda, solicitou ao ministro do STF Alexandre de Moraes uma nova visita a Bolsonaro. Moraes autorizou apenas a data de 29 de setembro, das 9h às 18h. Em comunicado, Tarcísio afirmou:
“Tem uma agenda prevista para o dia 29, foi aquilo que foi autorizado pelo Supremo Tribunal Federal, e é nesse dia que vou visitá-lo”e disse que não planeja encontrá-lo antes dessa data.
A decisão de não seguir para Brasília na terça coincidiu com a divulgação de pesquisas sobre a opinião pública. O Datafolha mostrou que 54% dos brasileiros são contrários à aprovação da anistia no Congresso, enquanto 39% são favoráveis. Já a Quaest mostrou ampliações na leitura sobre o perdão: 41% são contra uma anistia ampla e 36% são a favor. Essas leituras ajudam a entender o cenário de resistência dentro de parte das bases políticas.
Movimentações no Congresso e pressão pela urgência: Ainda sobre o tema, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), afirmou que a votação da urgência da anistia será discutida nesta quarta-feira por lideranças partidárias. A discussão ocorre em meio à expectativa de que o governo encontre respaldo para acelerar o encaminhamento da matéria, enquanto o STF acompanha outras ações. Paralelamente, Moraes solicitou à Procuradoria Geral da República (PGR) manifestação sobre a atuação de Tarcísio em prol da anistia, com prazo de cinco dias. O pedido atende a uma solicitação do deputado Rui Falcão (PT-SP).
Viagens e reuniões anteriores fortalecem oNetworking político: Na semana anterior, Tarcísio já havia estado em Brasília, embarcando no dia 2 e retornando no dia seguinte. Lá, reuniu-se com o senador Ciro Nogueira (PP) e com o presidente da Câmara, Hugo Motta, além de encontros com o pastor Silas Malafaia e com o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, no Palácio dos Bandeirantes. Em seguida, reuniu-se na sede do governo paulista com Marcos Pereira, presidente do Republicanos. Em entrevista para o Diário do Grande ABC, o governador afirmou que a anistia é um remédio político e que garante pacificação.
“A anistia é um remédio político e que garante pacificação.”Em 7 de setembro, durante a caminhada pela Avenida Paulista, Tarcísio defendeu uma anistia ampla e irrestrita e disse que Bolsonaro deveria participar da disputa em 2026.
O conjunto de informações demonstra que a agenda pública do governador está centrada na defesa de um instrumento de perdão político enquanto o ambiente institucional oscila entre pressões partidárias e posicionamentos do Judiciário. O tema permanece sob vigilância, com impacto direto sobre a condução de políticas e alianças de São Paulo e do governo federal.