Panorama atual do euríbor e o impacto nas hipotecas
O euríbor voltou a subir pelo segundo mês consecutivo, encerrando setembro com uma média em torno de dois por cento. Essa alta, ainda modesta, sugere que a tendência de estabilização ou queda acentuada pode estar chegando ao fim, especialmente diante da pausa anunciada pelo Banco Central Europeu (BCE) nos cortes da taxa de juros por tempo indeterminado. O índice de referência para as revisões das parcelas de muitos financiamentos não aponta, neste momento, para uma reversão abrupta, mas reforça sinais de que a descompressão observada desde o fim de 2023 tende a perder impulso.
Historicamente, a escalada de redução de custos vencida por quem tem crédito atrelado ao euríbor vem se aproximando do limite de sua fase mais favorável. Embora a melhora recente tenha sido benéfica para quem tem empréstimos com juros variáveis, o cenário aponta para uma continuidade de queda menos expressiva. Quem tiver revisão de parcela em próximo ciclo deverá observar uma economia mensal em torno de sessenta e nove euros, cerca de oitocentos e trinta e quatro euros por ano, em comparação com doze meses atrás, quando o euríbor apresentava patamar próximo de três por cento. Não há indicação de aumentos nos pagamentos, pelo menos até o próximo ano, e para aqueles com reajustes semestrais pode haver pequenos ajustes no curto prazo.
A estabilização do euríbor tem, nos últimos meses, beneficiado quem busca financiar a compra de um imóvel. Em julho, a hipoteca média concedida com base nesse índice ficou em torno de dois por cento e noventa e quatro por cento ao ano, abaixo do patamar anterior, de aproximadamente dois por cento e noventa e nove por cento. Esse cenário contribuiu para aumentar a competição entre instituições financeiras, abrindo espaço para ofertas mais competitivas e, assim, facilitando o acesso à casa em um mercado já marcado pela alta demanda e pela reduzida oferta. Paralelamente, o valor do empréstimo médio, já registrado, segue em patamar próximo de cento e seisenta e três mil trezentos e sete euros, demonstrando crescimento anual relevante para o conjunto de financiamentos no país, conforme o Instituto Nacional de Estatística.
Simone Colombelli, diretora de Hipotecas do comparador iAhorro, destaca a estabilidade como traço dominante do momento. “Um euríbor próximo de dois por cento permite ao mercado seguir em uma dinâmica muito positiva, na qual os bancos podem até oferecer condições um pouco mais vantajosas, conforme o perfil do cliente”, afirma.
O BCE e o ritmo do mercado
O ritmo do euríbor, frente ao frenesi de cortes que se esperava, é ditado pela postura do BCE. O banco central manteve a política monetária estável em patamar próximo de dois por cento, com inflação em níveis controlados e previsões de crescimento revisadas modestamente para cima ao longo do ano. Essas condições ajudam a evitar pressões intensas de alta para o crédito, ao mesmo tempo em que limitam o espaço para recuos significativos do índice de referência, mantendo o cenário recente de menor volatilidade no centro de atenção do mercado de hipotecários.