Quatro pessoas foram presas sob suspeita de falsificar e comercializar bebidas adulteradas no estado de São Paulo, em uma operação que acompanha o aumento da fiscalização sobre o setor. Dois irmãos foram detidos no Campo Limpo, na zona sul da capital, enquanto duas mulheres foram presas no interior, em Dobrada, a cerca de 50 quilômetros de Araraquara. O conjunto de prisões ocorre em meio a relatos de intoxicação por metanol que motivam uma investigação que envolve todo o país.
As investigações apontam que, no caso dos dois irmãos, um deles já tinha passagens policiais por adulteração de bebidas. A polícia recebeu uma denúncia anônima e, em uma residência ligada aos suspeitos, apreendeu cerca de 1.800 lacres e tampas de garrafas de uísque, abrangendo marcas nacionais e importadas. Segundo a corporação, os suspeitos envazavam bebidas de qualidade inferior ou artesanal, comercializando-as como originais.
As duas mulheres, com 23 e 34 anos, estavam em um veículo quando a prisão ocorreu, no quilômetro 310 da rodovia SP-326. Dentro do carro foram encontrados 160 garrafas de uísque falsificado e 97 rótulos de bebidas, todos sem nota fiscal. A polícia afirma que o material adulterado era comprado na capital e vendido no interior do estado.
Nessa mesma semana, a Polícia Civil desmantelou uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas em Americana, no interior. Duas pessoas foram presas e mais de 17 mil garrafas de produtos falsificados foram apreendidas. Ao todo, as operações deste ano contra esquemas de falsificação de bebidas já resultaram na apreensão de 178 mil garrafas e no fechamento de seis estabelecimentos comerciais.
Segundo dados do Ministério da Saúde, há 41 casos de intoxicação por metanol sendo investigados no Brasil, com 37 deles em São Paulo. Seis casos foram fatais, mas apenas um já tem laudo do IML confirmando que a morte foi causada pela intoxicação pelo combustível. Dentro desse total, quatro casos foram registrados em Pernambuco.
Além das ações estaduais, a fiscalização federal também atua. Nesta quinta-feira, a Polícia Federal, em conjunto com agentes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), realizaram operações em fábricas localizadas em Sorocaba e na Grande São Paulo, com o objetivo de coletar amostras de bebidas que serão encaminhadas a análises laboratoriais. Os resultados podem indicar ou não indícios de contaminação por metanol.
Especialistas e autoridades ressaltam que as investigações devem seguir para identificar responsáveis e evitar novas contaminações. As ações federais indicam uma coordenação entre diferentes esferas do governo para coibir o comércio de bebidas adulteradas. A continuidade da fiscalização e as análises laboratoriais são consideradas cruciais para consolidar o entendimento sobre a extensão do problema e as medidas necessárias para evitar impactos à saúde pública no futuro. As autoridades também não descartam a participação de organizações criminosas, como o PCC, nos casos, embora não haja confirmação de vínculo.