O Brasil se encontra em estado de alerta diante da instabilidade política na Argentina e das crescentes tensões militares na Venezuela. A recente gestão de Javier Milei na Argentina levanta questões quanto à sua capacidade de liderar, especialmente com as eleições legislativas se aproximando. O futuro do seu governo está em jogo, à medida que analistas especulam sobre um possível "plano de transição institucional" se ele não alcançar um desempenho satisfatório nas eleições de 26 de outubro.
Enquanto isso, na Venezuela, a presença militar dos Estados Unidos no Caribe gera apreensão. Fontes oficiais confirmaram que o governo Lula está monitorando de perto os eventos no país vizinho e a situação também preocupa o setor militar brasileiro. Recentemente, 10 mil militares e 435 toneladas de armamentos foram deslocados para a Operação Atlas, uma das maiores mobilizações militares da história do Brasil, realizada em Roraima e Amapá, regiões que fazem fronteira com a Venezuela e a Guiana.
O que representa um bom desempenho para Milei nas eleições? Teoricamente, conquistar um terço da Câmara poderia permitir que ele se protegesse de ações opositoras. Contudo, a expectativa é de que, mesmo que consiga, isso não será suficiente para tranquilizar os mercados, que já expressam desconfiança em relação ao presidente. Três preocupações principais emergem: um possível calote da dívida pública, uma desvalorização significativa do peso argentino e a iminência de uma nova recessão econômica.
As dificuldades de Milei em articular politicamente e os resultados econômicos que antes eram promissores, agora estão ameaçados. Apesar de ter conseguido reduzir a inflação e equilibrar as contas, a situação atual é considerada crítica. As recentes acusações de ligação de José Luis Espert, candidato de Milei em Buenos Aires, com narcotráfico só aumentam a pressão sobre o governo.
Além disso, a ausência de apoio de Donald Trump, que condicionou qualquer assistência ao resultado eleitoral na Argentina, coloca Milei em uma situação desfavorável. Analistas discutem a possibilidade de uma "saída institucional" após a formação do novo Parlamento em dezembro, onde pressões para a renúncia do presidente poderiam começar a surgir.
Voltando nossa atenção para Caracas, a presença militar americana intensifica as preocupações. Em seu discurso na ONU, Lula reiterou a importância do diálogo na Venezuela. Apesar de não ter reconhecido a reeleição de Maduro em 2024, a cooperação militar com o país permanece, mesmo que de maneira discreta.
O pesquisador Pedro Silva Barros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), observa que a nova realidade da exploração de petróleo na Guiana fortalece a necessidade de aumentar a presença brasileira na Venezuela, especialmente nas questões envolvendo a disputa do Essequibo e na dissuasão de potenciais intervenções externas. Os atores em questão incluem, prioritariamente, os Estados Unidos, seguidos de Rússia e China.
O panorama regional é complexo e desafiador, exigindo uma abordagem cuidadosa do Brasil diante de seu contexto geopolítico.