Javier Milei enfrenta um desafio significativo em sua campanha para as eleições legislativas nacionais de 26 de outubro, especialmente após a revelação de que José Luis Espert, seu principal candidato a deputado na província de Buenos Aires, admitiu ter recebido 200.000 dólares de Federico Fred Machado, um empresário preso que aguarda extradição aos Estados Unidos por narcotráfico.
Espert, um economista de 63 anos com um histórico na política argentina, confessou em vídeo que a pressão política se tornou insuportável após uma série de provas surgirem contra ele na última semana. As informações sobre o pagamento provocaram uma onda de críticas, especialmente entre os altos dirigentes do partido La Libertad Avanza, que temem que Espert prejudique os resultados eleitorais da ultradireita.
A controvérsia começou na segunda-feira, quando um político peronista divulgou documentos referentes a um processo contra Machado em um tribunal no Texas, revelando a transação de 200.000 dólares. Machado está acusado de exportar cocaína para os Estados Unidos usando aeronaves compradas de forma fraudulenta, um esquema em que Espert esteve envolvido em 2019, realizando mais de 30 voos durante sua campanha à presidência.
Espert se defendeu afirmando não ter conhecimento de que Machado poderia estar ligado ao narcotráfico, alegando que os voos eram geridos por outros em seu partido. Após a prisão de Machado em 2021, ele minimizou sua relação com o empresário, afirmando ter encontrado-o apenas algumas vezes. Contudo, a recente revelação sobre o financiamento de 200.000 dólares reabriu velhas feridas e levantou novas dúvidas.
O candidato tentou desviar a atenção para o impacto do peronismo na província, que já enfrentou perdas no passado. A cidade de Buenos Aires, onde a ultradireita sofreu derrotas expressivas nas eleições anteriores, se tornou um ponto focal, especialmente após um crime de feminicídio que chocou a sociedade local, exacerbando as preocupações com a segurança e a narcotrafico.
Na defesa de Espert, Milei o convocou para participar de um projeto de reforma do código penal e demonstrou apoio público ao candidato. No entanto, as coisas mudaram abruptamente quando o jornal La Nación publicou uma investigação detalhando uma transferência de 200.000 dólares para Espert em 2020, identificando o remetente como a empresa Wright Brothers Aircraft Title Inc, propriedade de Machado e considerada pela justiça dos EUA uma fachada para lavagem de dinheiro.
Reconhecendo a veracidade das informações, Espert tentou justificar o pagamento como relacionado a uma consultoria sobre uma mineradora em Guatemala, insistindo que não reportou os rendimentos ao fisco argentino. Em um vídeo, ele expôs sua versão da história, afirmando que a transferência ocorreu antes de ele saber das investigações sobre Machado. “Não permitirei que a discussão da campanha seja sobre isso”, declarou, desviando o foco para suas críticas ao peronismo.
A narrativa tornou-se ainda mais complicada quando se revelou que o advogado de Machado também representa Milei no caso da criptomoeda $Libra, que foi acusada de fraudes. Apesar da controvérsia, Espert continua a contar com o apoio de Milei, que reafirma a sua confiança na candidatura dele, ainda que alguns membros do partido estejam apreensivos quanto às repercussões eleitorais do escândalo.
A pressão aumenta sobre Espert e Milei conforme a campanha avança, e a viabilidade política de ambos pode estar em jogo com a aproximação das eleições. A batalha eleitoral na província de Buenos Aires promete ser especialmente acirrada, enquanto a ultradireita luta para reverter a maré após os recentes embaraços.