O Conselho Deliberativo do Corinthians aprovou, por aclamação, um orçamento revisado que prevê um déficit de R$ 83,3 milhões para 2025. Essa decisão foi tomada em uma assembleia realizada no Parque São Jorge, onde a nova gestão, liderada por Osmar Stabile, apresentou um quadro financeiro alarmante. Em contraste, o orçamento anterior, sob a administração de Augusto Melo, projetava um superávit de R$ 37,5 milhões, representando uma diferença de R$ 120,9 milhões.
A atual diretoria do clube decidiu revisar o orçamento após assumir o comando em maio, identificando que as estimativas anteriores estavam distantes da realidade financeira do Corinthians. Antes da votação no Conselho Deliberativo, o orçamento revisado recebeu aprovação no Conselho de Orientação. Durante a assembleia, o diretor financeiro, Emerson Piovesan, e o gerente financeiro, Roberto Gavioli, esclareceram os dados, e foram levantadas questões sobre a necessidade de uma reavaliação da revisão, mas a proposta não foi aceita.
Dos 136 conselheiros que participaram da assembleia, 26 registraram a solicitação de uma nova análise do orçamento. Mesmo assim, a aprovação foi unânime e sem votos contrários. Assim, o novo orçamento será utilizado como base para as finanças do clube em 2025.
Ajustes Significativos nas Projeções
Uma das principais divergências no novo orçamento está relacionada à negociação de atletas. A gestão anterior previa uma receita líquida de R$ 180,154 milhões, enquanto a nova administração estimou apenas R$ 73,659 milhões, refletindo uma diferença de R$ 106,855 milhões, ou seja, 59,2% a menos do que originalmente previsto. Além disso, as despesas operacionais, principalmente com pessoal, também sofreram revisões. O novo orçamento agora estima custos de R$ 492,774 milhões para a folha de pagamento, 42,5% acima dos R$ 345,881 milhões projetados anteriormente.
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O relatório do Conselho Fiscal destacou que as variações decorrem de previsões inadequadas para férias e 13º salário, além de gastos com salários e direitos de imagem que superaram os valores orçados.
Impactos das Desempenhos Esportivos e Projeções Futuras
A eliminação do Corinthians na terceira fase da Conmebol Libertadores também teve consequências financeiras. A expectativa da gestão anterior de avançar pelo menos às oitavas de final levou a uma diminuição nas receitas de direitos de TV em 2,1% e uma queda de 7,1% nas bilheteiras. Embora a Copa Sul-Americana tenha ajudado a mitigar parte dessas perdas, ainda não foi suficiente para cobrir o déficit. O novo orçamento sugere uma expectativa mais realista para a competição, prevendo que o Corinthians termine entre a 8ª e 10ª posições no Campeonato Brasileiro, ao contrário da meta anterior, que era o 8º lugar. Atualmente, o clube ocupa a 13ª posição, o que poderá resultar em uma arrecadação de R$ 210 milhões no ano.
A nova gestão também recalibrou suas expectativas de patrocínios, que estão estimadas em R$ 174,477 milhões, um percentual 17,5% menor que os R$ 211,611 milhões previstos anteriormente, devido a propriedades ainda não comercializadas.
O parecer do Conselho Fiscal conclui que o resultado operacional deve ficar 116% abaixo do que foi inicialmente orçado, atribuindo essa discrepância às despesas de pessoal que estavam mal estimadas e à receita que não atingiu as expectativas iniciais. Nesse contexto, não há previsão de redução do endividamento do clube, que já atinge R$ 2,6 bilhões, sendo R$ 1,948 bilhões devido ao clube e R$ 675,2 milhões à Caixa Econômica Federal, relacionados ao financiamento para a construção da Neo Química Arena.
Esta reavaliação orçamentária traz à tona desafios significativos que o Corinthians terá que enfrentar nos próximos anos, afinando sua estratégia financeira em um cenário desfavorável.