SP registra deepfakes sexuais em escolas
Um recente levantamento realizado pela SaferNet Brasil revelou que o estado de São Paulo é o mais afetado por casos de deepfakes sexuais em escolas. De acordo com o estudo, foram identificados quatro casos no estado, enquanto em todo o Brasil, o número total de ocorrências chega a 16, distribuídos em 10 estados diferentes entre 2023 e 2025.
O que são deepfakes sexuais?
As deepfakes sexuais são criações de imagens de nudez ou conteúdo sexual feitas por meio de inteligência artificial, sem o consentimento das pessoas envolvidas. Essa prática fere a privacidade e a dignidade das vítimas, colocando em risco não apenas a imagem delas, mas também sua saúde mental e emocional.
Estudo e financiamento da pesquisa
O estudo, intitulado “Uso indevido de IA generativa: perspectivas sobre riscos e danos centradas nas crianças”, foi realizado para entender o mau uso da inteligência artificial no cometimento de crimes contra crianças e adolescentes. A pesquisa conta com recursos do fundo SafeOnline, gerido pela Unicef, e busca mapear como a tecnologia pode ser mal utilizada, criando imagens manipuladas ou indevidas.
Denúncias e casos suspeitos
Em setembro de 2025, surgiram denúncias de pais em Itapetininga, onde um aluno manipulou imagens de nudez de colegas usando inteligência artificial. O caso foi levado à polícia e resultou na suspensão do aluno. Outro caso, em Itararé, também no interior paulista, envolveu dois adolescentes suspeitos de criar nudes falsos, novamente utilizando a mesma tecnologia, e está sob investigação da Polícia Civil.
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Dados do levantamento nacional
A SaferNet revelou que os 16 casos de deepfakes sexuais, que envolveram 72 vítimas, ocorreram em diversas regiões do Brasil, incluindo Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Todos os agressores identificados tinham menos de 18 anos na época dos crimes. A pesquisa foi baseada em uma extensa análise de reportagens, e a SaferNet ressalta que o número real pode ser ainda maior, uma vez que muitos casos não são reportados.
A falta de monitoramento e a resposta da SaferNet
Embora o número de casos de deepfakes sexuais seja menor se comparado a outras formas de abuso sexual, a SaferNet destaca a ausência de monitoramento por parte das autoridades, dificultando a compreensão da extensão do problema. Para suprir essa lacuna, a ONG lançou uma pesquisa que permite relatos anônimos de vítimas e testemunhas, crucial para dimensionar o problema e propor soluções eficazes. Juliana Cunha, diretora de projetos especiais da SaferNet, enfatiza que é fundamental ouvir as vozes das vítimas para entender melhor a situação e buscar formas de resposta que considerem os adolescentes como sujeitos em desenvolvimento.