Uma nova pesquisa da OCDE revela que professores brasileiros gastam mais de 20% do tempo de aula gerenciando a disciplina em sala, superando a média internacional de 16%. Esse estudo faz parte da edição mais recente da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis), divulgada no dia 6 de outubro de 2025. O levantamento mostra que, enquanto apenas 14% dos educadores no Brasil se sentem valorizados na sociedade, a média entre os países avaliados é de 22%.
Mais da metade dos professores entrevistados relatou enfrentar barulhos e desordem durante as aulas, indicando uma realidade preocupante em comparação com outros países, onde o índice é de 20%, ou um em cada cinco educadores. Desde 2018, notou-se um aumento geral no tempo necessário para manter a disciplina nas salas de aula em quase todos os sistemas educacionais.
Comparando com outras nações, 33% dos professores no Chile, Finlândia, Portugal e África do Sul enfrentam problemas de desordem semelhantes, enquanto menos de 5% em países como Albânia, Japão e Xangai relatam tais dificuldades. Os educadores novatos no Brasil, com 66%, reportam mais interrupções do que os colegas mais experientes, que ficam em 53%.
Além disso, aproximadamente 43% a 44% dos professores brasileiros afirmam perder muito tempo aguardando que os alunos fiquem quietos, onde a média da OCDE é de 15%. A mesma proporção de educadores menciona interrupções como uma fonte significativa de perda de tempo em sala de aula, sendo que na média da OCDE o índice é de 18%.
A insatisfação também é um ponto abordado pela pesquisa. Apenas 14% dos docentes brasileiros se sentem valorizados, um aumento de 3 pontos percentuais desde 2018. A pesquisa também revela que cerca de 18% dos professores relatam experiências de intimidação ou abuso verbal por parte de alunos, enquanto no Brasil esse índice alarmante chega a 47%.
Outro aspecto relevante é que 72% dos professores no Brasil estão em regime de meio período, uma das maiores proporções entre os países participantes da Talis. A pesquisa afirma que dedicar 40 horas exclusivamente à educação passaria a beneficiar tanto a motivação dos educadores quanto os resultados de aprendizado dos alunos. Caetano Siqueira, do Movimento Profissão Docente, ressalta que a valorização da profissão, por meio de jornadas ajustadas e melhor remuneração, é essencial para aprimorar o ambiente educacional.
A Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) é realizada desde 2008 e investiga o contexto de trabalho de professores e gestores nas escolas. Em sua quarta edição, realizada em 2024, a pesquisa abrangeu cerca de 280 mil educadores em 17 mil escolas de 55 sistemas educacionais. O estudo inclui variáveis como formação docente, práticas pedagógicas, clima escolar, e foi conduzido no Brasil pelo Inep, com dados coletados entre junho e julho do ano passado.