A CPI do INSS se reunirá nesta quinta-feira para decidir se aprova o pedido de quebra dos sigilos fiscal e telemático do advogado Paulo Boudens, ex-chefe de gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Boudens é mencionado como beneficiário de um repasse de R$ 3 milhões da empresa Arpar Participações, a qual, segundo a Polícia Federal, foi utilizada como conta de passagem pelo empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como careca do INSS.
O pagamento ao ex-assessor foi revelado em um relatório de inteligência financeira gerado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Esse relatório inclui informações sobre movimentações financeiras consideradas atípicas, resultantes de alertas feitos por instituições bancárias.
Na época dos repasses, que ocorreram entre setembro de 2023 e fevereiro de 2024, Boudens estava atuando como assessor de Alcolumbre. Desde outubro de 2024, ele ocupa uma posição no Conselho Político do Senado. A CPI investiga Boudens por sua suposta ligação com um esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Antônio Carlos Camilo, em depoimento à CPI, relatou que o montante de cerca de R$ 50 milhões repassado à Arpar refere-se a títulos de dívida da empresa, na qual ele afirma estar investindo. "Referente à Arpar, que é uma empresa que eu comprei debêntures dela. É uma empresa de tecnologia, onde realmente estou investindo", afirmou o empresário durante sua fala no colegiado.
Vale lembrar que Boudens já foi vinculado a um esquema de rachadinha no gabinete de Alcolumbre, conforme divulgado pela revista Veja. O caso envolveu a coleta de parte dos salários de seis assessoras entre R$ 4 mil e R$ 14 mil e teria funcionado de 2016 a 2021. Alcolumbre negou as alegações, atribuindo a responsabilidade de contratações ao seu chefe de gabinete, cargo que era ocupado por Boudens.
Posteriormente, Boudens firmou um acordo de não persecução penal com a Procuradoria-Geral da República, onde admitiu as irregularidades e se comprometeu a devolver cerca de R$ 2 milhões — valor total do montante associado à rachadinha.
Além de deliberar sobre a quebra dos sigilos de Boudens, a CPI também ouvirá o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Milton Baptista de Souza, conhecido como Milton Cavalo. O Sindnapi é suspeito de envolvimento em fraudes no INSS e movimentou cerca de R$ 1,2 bilhão nos últimos seis anos, conforme relatório do Coaf. Curiosamente, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também faz parte da direção do sindicato, embora não esteja diretamente citado na investigação.