Quase 1 milhão de paulistas enfrentam a fome diariamente
Uma pesquisa recente do IBGE revela que, diariamente, quase 1 milhão de pessoas passam fome no estado de São Paulo. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) aponta uma leve redução no número de indivíduos em situação de insegurança alimentar grave nos últimos dois anos, mas a realidade permanece alarmante. Embora o total de domicílios em condição de fome tenha diminuído, os números ainda são significativos: em 2024, são aproximadamente 970 mil pessoas enfrentando essa dura realidade.
Os dados da pesquisa e seu impacto
Em 2023, 508 mil domicílios eram afetados, correspondendo a 1,3 milhão de pessoas. Já em 2024, esse número reduziu para 409 mil domicílios, ou 2,4% da população. Apesar da queda, o desafio de erradicar a fome persiste, destacando a necessidade de programas mais abrangentes.
O papel do Armazém Solidário
Programas sociais como o Armazém Solidário são essenciais para mitigar essa crise. Este programa municipal proporciona alimentos acessíveis a famílias de baixa renda. A corretora de imóveis Daiane Amorim é uma beneficiária frequente. "Ajuda bastante porque às vezes a grana do mês está curta, então a gente acaba vindo aqui, economiza bastante e leva bem mais do que nos mercados lá fora", relata.
Funcionamento e acesso ao programa
Para adquirir os produtos do Armazém Solidário, é necessário estar cadastrado no CadÚnico, o sistema que permite acesso a diversos programas sociais. A unidade inaugurada recentemente no Jardim Regina, na Zona Sul, já é bastante procurada, apresentando produtos com preços até 20% menores do que os mercados tradicionais.
Impacto e desafios do Armazém Solidário
Mariana Lozano, nutricionista do programa, detalha o processo: "As pessoas se dirigem até os caixas de atendimento, onde um assistente social consulta o CadÚnico para liberar o acesso aos alimentos do armazém". Com um limite de compras de até R$ 800 por mês, atualmente, há sete unidades do Armazém Solidário em São Paulo, divididas entre as zonas Leste, Norte e Sul.
A professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Luciana Yuki Tomita, comenta sobre a importância do programa, mas destaca que ainda há uma parcela significativa da população sem acesso. "Ainda tem uma parte da população que não conseguiu acessar esse CadÚnico. Esse é o esforço que precisa ser feito: localizar essas pessoas e garantir o direito à alimentação adequada", afirma.
Depoimentos de beneficiários
Mariane Oliveira, uma das beneficiárias do programa, relata que a iniciativa aliviou bastante suas despesas: "Já aliviou bastante o bolso. Comprei um monte de coisas, graças a Deus, tive a oportunidade de estar fazendo essas comprinhas aqui. No outro mercado que eu ia, pouquíssimas coisas já davam R$ 70".