Proposta de Autoridade Antimáfia para Combater o Crime Organizado
O Brasil enfrenta um desafio crescente com o fortalecimento do crime organizado, impulsionado principalmente pelo tráfico internacional de cocaína. Para abordar essa questão, foi proposta a criação de uma Autoridade Nacional Antimáfia, cujo objetivo principal é integrar as forças-tarefas estaduais existentes como os Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos) e as Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficcos), em uma abordagem colaborativa, sem concorrência.
Necessidade de Ação Coordenada
A proposta visa garantir que a Receita Federal e o Banco Central sejam incluídos nas iniciativas, especialmente no combate à lavagem de dinheiro, um fenômeno crescente que afeta a economia e a segurança do país. Nos últimos dez anos, o Brasil se consolidou como um hub de tráfico de cocaína, não apenas para a Europa e África, mas também para um mercado interno em expansão.
Desafios e Realidade do Crime Organizado
O contexto do crime organizado no Brasil é complexo e a sua relação com a corrupção e a política é evidente. Essa relação simbiótica entre o crime e o Estado facilita a maximização dos lucros das organizações criminosas, colocando em risco as instituições democráticas e a segurança pública.
Experiências Internacionais e Aprendizado
Observando experiências de países como Estados Unidos e Itália, conclui-se que é utópico pensar em erradicar o crime organizado. O foco deve ser no enfraquecimento do seu poder econômico, bélico e político. Para isso, uma estratégia eficaz envolve a articulação das inteligências dos diversos setores do Estado.
A Importância da Coordenação Nacional
A proposta de uma Autoridade Nacional Antimáfia não visa criar mais uma força-tarefa, mas sim uma estrutura organizacional que coordene os esforços estaduais. Essa unidade permitiria uma atuação mais eficaz contra organizações criminosas que operam em múltiplos estados, potencializando o combate ao crime organizado.
Integração e Articulação do Estado
Embora a nova autoridade não tenha controle sobre as polícias ou o Ministério Público, ela irá fomentar a colaboração e as articulações necessárias entre as forças-tarefas, essencial para vencer a batalha contra a criminalidade. O momento atual exige um esforço conjunto que transcenda vaidades e divisões políticas, colocando a segurança da sociedade em primeiro lugar.
*Luis Flávio Sapori é professor e coordena o Centro de Estudos em Segurança Pública (Cesp - PUC Minas) e é membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Rafael Alcadipani é professor titular de administração da FGV-Eaesp e integrante do FBSP.