O uso do gás pimienta pelos Mossos d’Esquadra gerou uma polarização política significativa na Catalunha após sua normalização pela nova Secretaria do Interior, sob o comando de Núria Parlon. Em uma sequência de três protestos em apoio à Palestina apenas em duas semanas, a polícia catalã empregou o aerossol, uma mistura de água e pimenta, como parte de sua equipagem desde 2013.
Três partidos – ERC, Comuns e CUP – pediram a convocação de Núria Parlon e do diretor da polícia, Josep Lluís Trapero, para discutir as implicações do uso reiterado do gás. A última vez que o gás pimienta foi utilizado antes dessas manifestações foi em agosto de 2024, durante um incidente envolvendo Carles Puigdemont, o que demonstra a evolução e a polêmica em torno de sua aplicação.
A organização de direitos humanos Irídia também se manifestou, alegando que o uso indiscriminado do gás durante as marchas é preocupante. A advogada Anaïs Franquesa destacou que “entre 30 e 40 pessoas” necessitaram de atendimento médico após a manifestação em Sants, ressaltando a gravidade da situação.
Embora o gás pimienta tenha sido introduzido como uma estratégia para controlar distúrbios, o seu uso não foi isento de controvérsias históricas, tendo gerado reações adversas no passado. A introdução oficial nos meios de comunicação ocorreu em 2019, mas desde então seu uso se manteve em um estado de relegação até o atual governo do PSC.
Os agentes de segurança acreditam que o gás pimienta é uma alternativa menos lesiva em comparação com outros instrumentos, como a porra, o que justifica sua preferência em situações de conflito. A afirmação de que o gás apenas causa irritação nas mucosas é uma tentativa de minimizar as preocupações associadas ao seu uso.
Neste momento, diferentes partidos exigem transparência quanto ao protocolo de uso do gás pelos Mossos, que tem sido vendido como uma tecnologia menos invasiva. A Secretaria do Interior já começou a disponibilizar protocolos de desempenho do corpo policial, permitindo uma maior transparência na atuação dos agentes durante as operações de segurança pública.
A Irídia, por sua vez, solicitou uma avaliação independente do uso do gás pimienta e a revisão das diretrizes que promovem seu uso recorrente nas manifestações. O retorno de práticas de segurança que impeçam a identificação dos agentes só aumenta as preocupações sobre a responsabilidade em casos de abusos.
Com o cenário político dividido, ações como o pedido de proteção à identificação dos Mossos por parte da CUP indicam que a discussão sobre o uso de gás pimienta não está próxima de uma resolução. O momento exigirá um equilíbrio entre a segurança pública e os direitos dos cidadãos.