A Bolívia está prestes a passar por uma significante mudança política, pois neste domingo os eleitores decidirão quem governará o país após duas décadas de governos de esquerda. Com o atual cenário marcado pela polarização, Rodrigo Paz do Partido Democrata Cristão e Jorge "Tuto" Quiroga da Aliança Liberdade e Democracia disputam a presidência, com propostas distintas que podem impactar a relação da Bolívia com líderes estrangeiros, como Lula e Trump.
Cenário Eleitoral e Candidatos
A disputa nas eleições é acirrada e histórica. Pela primeira vez em vinte anos, a Bolívia poderá ter um governo de direita. Rodrigo Paz, que terminou em primeiro no primeiro turno, se apresenta como uma opção moderada, buscando dialogar com eleitores descontentes com a esquerda. Ele sugere uma aproximação com o presidente Lula, ressaltando a importância do Brasil como parceiro estratégico.
Em contrapartida, Tuto Quiroga, que já exerceu cargos importantes na política boliviana e se posiciona como um crítico ferrenho da esquerda, apresenta uma agenda mais radical, influenciada por líderes como Nayib Bukele e Daniel Noboa, com foco em políticas neoliberais e um combate direto ao narcotráfico.
Questões de Segurança
A segurança pública é uma prioridade nas propostas de ambos os candidatos. Com a Bolívia enfrentando um aumento da criminalidade vinculada ao narcotráfico, Paz promete fortalecer as instituições legais e modernizar as Forças Armadas, dizendo que "a justiça é a base para o progresso de qualquer país". Por sua vez, Quiroga defende uma resposta mais agressiva ao narcotráfico, propondo uma colaboração intensa com os governos de Brasil e Argentina e medidas de segurança mais rigorosas.
Propostas Econômicas
Na esfera econômica, a Bolívia enfrenta desafios significativos, como uma inflação de cerca de 25% e uma crise nas reservas cambiais. Paz propõe uma abordagem de "capitalismo para todos", incentivando o setor privado enquanto mantém programas sociais. Contudo, críticos apontam que suas propostas podem ser inviáveis, dada a situação fiscal do país.
Quiroga, por outro lado, promete uma transformação radical. Ele propõe cortes profundos nas despesas públicas, privatizações e o rompimento significativo com as práticas anteriores do governo da esquerda, buscando apoio do Fundo Monetário Internacional para estabilizar a economia. Sua abordagem é vista por muitos como mais direta e controversa.
Relações Externas
A relação da Bolívia com o Brasil sempre foi uma constante, independentemente das diferenças ideológicas. Rodrigo Paz deseja reforçar a cooperação com o Brasil, mantendo a participação da Bolívia nos blocos regionais, como o Mercosul. Em contraste, Tuto Quiroga critica vínculos mais estreitos, defendendo uma política que respeite a soberania boliviana e uma colaboração mais independente.
No que diz respeito à relação com os Estados Unidos, Paz evita ideologias em sua abordagem, buscando um relacionamento pragmático. Quiroga se mostra mais próximo do ex-presidente Trump, expressando sua ambição de reverter a deterioração nas relações bilaterais e buscando apoio econômico para enfrentar os desafios que a Bolívia enfrenta.
Perspectivas Futuras
A disputa para o novo presidente da Bolívia está em andamento e as pesquisas revelam uma competição acirrada. Quiroga aparece à frente nas intenções de voto, mas uma guinada a favor de Paz pode ser observada à medida que os eleitores indecisos se manifestam. O resultado dessa eleição terá implicações significativas para o futuro político da Bolívia e suas relações internacionais, principalmente com líderes como Lula e Trump.