A Polícia Nacional da Espanha desmantelou uma célula da perigosa banda venezuelana Tren de Aragua, detendo 13 pessoas que teriam fundamento na criação da primeira de suas estruturas criminosas no país. O grupo, que se expandiu por oito nações da América Latina, é envolvido em uma ampla gama de delitos, que vão desde a exploração sexual de pessoas até o tráfico de drogas, como a cocaína rosa, também conhecida como tusi, que se tornou uma das principais fontes de financiamento da organização.
A Operação Interciti, que culminou nas detenções, começou no final de 2023, quando os agentes da Comisaria Geral de Informação detectaram a presença em Barcelona de Niño Guerrero, irmão menor do líder máximo da organização. A polícia seguiu seus passos e suas conexões, levando a um entendimento de que ele poderia estar tentando estabelecer o Tren de Aragua na Espanha, em um território conhecido por suas práticas violentas de imposição na rivalidade entre grupos.
Em março de 2024, as investigações tomaram um rumo inesperado quando autoridades venezuelanas divulgaram uma ordem de captura internacional contra Niño Guerrero, por diversos delitos, incluindo terrorismo e tráfico de seres humanos. Essa captura obrigou a polícia a interromper as investigações, que foram prejudicadas. Adicionalmente, uma ordem de detenção proveniente do Peru forçou uma ação rápida sobre outro suspeito em junho de 2024, reconhecido como Luis José R. R., ou Mamera, que liderava uma facção do grupo em solo peruano.
No dia 29 de outubro, após longas investigações, o juiz da Audiencia Nacional, Antonio Pina, autorizou a prisão dos 13 indivíduos, que estavam organizados em duas subestruturas em Madrid e Barcelona. Durante as detenções, a polícia encontrou laboratórios clandestinos que produziam tusi, sendo que cerca de um quilo dessa substância foi apreendido, além de cocaína e armas. A maioria dos detidos possuía origens venezuelanas e tinha obtido seus vistos de residência por meio de medidas humanitárias do governo espanhol, mas também havia cidadãos colombianos e espanhóis entre os presos.
A análise de dispositivos eletrônicos confiscados faz parte da investigação atual, com o intuito de descobrir quem fornecia as substâncias para a produção de tusi e quais as suas ligações com os líderes do Tren de Aragua na América do Sul. Para evitar que a organização se instale nos terrenos espanhóis, a polícia se organizou e contou com a colaboração das forças policiais da Colômbia, além do projeto Ameripol-El Pacto 2.0 da União Europeia, que facilita a troca de informações entre países.
Considerada a banda criminal mais poderosa da Venezuela, o Tren de Aragua teve sua formação em 2005, e desde então tem ampliado suas atividades ilícitas em toda a América Latina, estabelecendo um padrão de criminalidade e violência. Hector Rustherford Guerrero, o líder, apresenta um histórico criminal que remonta aos 17 anos e inclui assassinatos, e tem sido uma presença constante, mesmo durante suas prisões.