Pobreza persistente entre famílias com filhos na Catalunha
Duas análises da Ivàlua, agência de avaliação de políticas públicas da Generalitat da Catalunha, revelam que a Renda Garantizada de Cidadania (RGC) falha em seu propósito de tirar dois em cada três lares com filhos da pobreza severa. Apesar do contexto econômico favorável, a desigualdade persiste na região, refletindo que trabalho não é sinônimo de escape da miséria.
A situação das mulheres e crianças
Os relatórios indicam que a vulnerabilidade é particularmente acentuada entre mulheres que recebem a ajuda. Um dado alarmante é que 66% das famílias com crianças continuam em situação de pobreza severa, enquanto apenas 4,4% dos lares sem filhos enfrenta a mesma realidade. Essa realidade impacta diretamente mais de 167.000 crianças na Catalunha, onde 26,74% dos menores vivem abaixo do limiar da pobreza.
O que a Renda Garantizada propõe?
A RGC foi instituída em 2017 com a promessa de unificar e ampliar a cobertura das ajudas sociais, mas a implementação tem sido deficiente: somente 40% dos lares elegíveis estão recebendo a assistência. Atualmente, 136.343 pessoas recebem a RGC, enquanto 1,92 milhões de catalães vivem abaixo do limiar da pobreza conforme os dados mais recentes.
Resistências e críticas ao sistema atual
A proposta da Generalitat de reformar a RGC para torná-la mais acessível e compatível com outras ajudas é vista como insuficiente. O sindicato CC OO exige medidas mais significativas, pois a atual falta de elasticidade da RGC para famílias maiores e a confusão com o Ingresso Mínimo Vital são pontos críticos que precisam ser abordados.
Responsabilidades estruturais na pobreza
Uma análise de gênero realizada nos relatórios destaca que as mulheres, que normalmente carregam a responsabilidade dos cuidados familiares, enfrentam mais dificuldades. Nesse contexto, muitos receiam perder benefícios ao acessarem o mercado de trabalho, dificultando suas chances de uma vida estável.
Implicações futuras e reforma necessária
A consejera de Direitos Sociais da Catalunha, Mònica Martínez Bravo, tem buscado resolver os problemas enfrentados por beneficiários, incluindo amnistia para retomadas de pagamentos indevidos e legislação para que a RGC seja compatível com rendimentos do trabalho. Até o momento, as reformas ainda não demonstraram resultados significativos na redução da pobreza severa, especialmente entre lares com filhos.