Relatos de Heroísmo e Desespero no Conflito
Na madrugada do dia 28 de outubro, uma megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha resultou em um cenário de intenso tiroteio e um saldo de 121 mortes, incluindo quatro policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Em meio a uma crise política, os relatos dos policiais revelam não apenas a tensão do momento, mas também a bravura e os desafios enfrentados nas operações de resgate sob fogo. O governador Cláudio Castro classificou a ação como um "sucesso", enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a chamou de "matança". Após a operação, os policiais começaram a receber acompanhamento psicológico devido ao impacto emocional da experiência.
Planejamento e Execução
O comandante do Bope, coronel Marcelo Corbage, afirmou que o planejamento da operação, que se estendeu por 75 dias, foi meticulosamente elaborado, englobando táticas de combate, armamento adequado e suporte médico para os feridos. "Médicos, enfermeiros e ambulâncias estavam de prontidão antes mesmo do início da ação", destacou Corbage.Durante o desenrolar da operação, a comunicação entre as equipes enfrentou sérias dificuldades, o que exigiu decisões rápidas e improvisações para garantir a retirada dos feridos.
Desafios em Terreno Hostil
Os policiais enfrentaram horas de combate intenso, com necessidade de improvisar macas e criar rotas alternativas para evacuar os feridos. O coronel Corbage destacou a dificuldade na comunicação, relatando: "Era muito difícil falar com as tropas no terreno. Muitas vezes, nós tínhamos imagens, mas não comunicação". Ele observou o desgaste físico e emocional da equipe, mencionando que, mesmo sob condições adversas, o desejo de permanecer no combate era forte entre os agentes.
Atos de Coragem em Meio ao Caos
Relatos de atos heroicos marcam a operação. O sargento Cleiton Serafim Gonçalves, um dos policiais que não sobreviveu, foi mencionado pelo coronel Corbage como um exemplo de bravura. Ele foi atingido ao tentar resgatar um companheiro, o cabo Oliveira, que também foi alvejado. Corbage lembrou do momento emocionalmente carregado em que visitou Oliveira no hospital, evidenciando a forte camaradagem entre os policiais em situações extremas.
Experiências Impactantes
Os relatos dos sobreviventes desvendam a realidade brutal do confronto. O sargento Jorge Martins, após ser baleado, descreveu a cena: "A gente andava sob chuva de tiros... Fui baleado na panturrilha". Ele e outros agentes enfrentaram o desafio de ajudar colegas feridos sob pressão, tentando vencer o medo e as dificuldades em um terreno traiçoeiro.
Consequências e Suporte Psicológico
Segundo a Secretaria de Polícia Militar, os feridos foram tratados em unidades de emergência, onde alguns estavam em estado gravíssimo. A operação deixou marcas profundas entre os policiais, que continuam a receber suporte psicológico. Corbage enfatizou: "Nós perdemos dois irmãos. Não são apenas dois policiais". O acompanhamento psicológico foi instaurado para tratar aqueles que vivenciaram os horrores do combate, mostrando a preocupação com a saúde mental dos agentes após experiências tão traumáticas.