Em um movimento significativo, a Telefónica anunciou nesta segunda-feira sua intenção de implementar um novo processo de regulação de emprego (ERE) por “causas objetivas” em suas filiais no Brasil. O ERE afetará as unidades da Telefónica de Espanha, Telefónica Móveis, Telefónica Soluções, Telefónica Global Solutions, Telefónica Inovação Digital e Movistar+. A empresa não revelou quantos funcionários serão afetados, mas fontes próximas ao processo indicam que entre 6.000 e 7.000 trabalhadores poderão ser desligados.
As negociações sobre o ERE estão previstas para acontecer nos dias 24 e 25 de novembro, quando as comissões negociadoras serão formadas. Após a formação das mesas, a diretoria da empresa e os representantes dos funcionários terão um prazo de 30 dias para discutir tanto o número final de demissões quanto as condições econômicas das saídas. O objetivo da empresa é finalizar o acordo ainda este ano, permitindo que o custo do ERE seja registrado nas contas do exercício de 2025.
Os sindicatos, representados por UGT, CC OO e Sumados-Fetico, exigem um compromisso de estabilidade laboral até 2030 em sintonia com o novo Plan Estratégico da companhia, que abrange o período de 2026 a 2030. Sem essa garantia, os sindicatos rejeitarão qualquer acordo que não assegure o futuro de todos os trabalhadores. O foco principal é garantir que a saída dos empregados seja voluntária, evitando exclusões injustificadas.
“A redução de pessoal como ferramenta de ajuste organizativo não é aceitável”, disse um representante do UGT, que também pediu a abertura imediata das mesas de negociação para todos os convenhos coletivos. Esta decisão, segundo os sindicatos, deve garantir que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados e que os acordos tenham validade até 2030.
Conforme informou a CC OO, sua estratégia para as negociações inclui condições justas, vinculadas proporcionalmente à aposentadoria e evitando exclusões, sempre com foco na solidariedade entre os trabalhadores. O Sumados-Fetico destacou que qualquer ERE deve ser universal e não discricionário, com condições semelhantes às do ERE anterior de 2024, que resultou na saída de 3.421 empregados através de pré-aposentadorias.
Os sindicatos buscam melhorar as condições oferecidas no novo ERE, em comparação com as do ano passado, onde compensações considerada altas foram pactuadas para demissões, até 68% do salário. A Telefónica havia provisionado cerca de 1.300 milhões de euros para cobrir esses custos, que agora podem subir para até 2 bilhões de euros com as novas demissões.
Além disso, o ministro para a Transformação Digital e da Função Pública, Óscar López, reafirmou que a aprovação do ERE está ligada a um acordo com os sindicatos. “É imprescindível que qualquer movimentação ocorra com o consentimento dos sindicatos”, afirmou Lopez, enfatizando a importância de assegurar um acordo justo para todos os trabalhadores envolvidos.