A recente queda acentuada do Bitcoin, que já perdeu mais de 30% de seu valor em relação aos altos recentes, levanta preocupações sobre o impacto no mercado de ações. Especialistas acreditam que a pressão de venda nas criptomoedas pode estar contribuindo para a liquidez e a simpatia dos investidores em relação ao mercado acionário.
Na quinta-feira, o mercado de ações passou por uma oscilação incomum. O índice Dow Jones teve uma alta temporária de até 700 pontos, alimentada pelos lucros da Nvidia, mas rapidamente reverteu essa tendência, encerrando o dia com uma queda de 300 pontos. Essa reviravolta intrigou investidores, que buscam entender como a pressão vendedora nas criptomoedas coincide com a volatilidade do mercado acionário.
Uma das explicações para esse comportamento dos mercados pode estar ligada às crescentes preocupações sobre uma possível bolha de inteligência artificial, que superam até mesmo os resultados financeiros positivos das empresas mais valiosas. Além disso, a crise no mercado de criptomoedas, que enfrenta sua maior venda desde 2022, também pode estar alimentando essa instabilidade. "Atribuímos parte da queda no mercado de ações de hoje à contínua queda no preço do Bitcoin", disse Ed Yardeni, fundador da Yardeni Research, em uma nota aos clientes.
Yardeni destacou que existe uma forte correlação entre o preço do Bitcoin e o ETF TQQQ, que busca replicar três vezes o desempenho diário do Nasdaq-100. Segundo ele, a queda do Bitcoin pode forçar investidores a liquidar ações para cobrir suas posições alavancadas.
Outra questão importante são os chamados 'margin calls', que ocorrem quando as corretoras exigem que os investidores adicionem mais capitais em suas contas à medida que as perdas em Bitcoin aumentam. De acordo com Steve Sosnick, estrategista-chefe da Interactive Brokers, as corretoras de criptomoedas oferecem níveis de alavancagem mais altos do que os disponíveis para ações. Isso pode tornar o sistema financeiro mais frágil se as criptomoedas continuarem a desvalorizar.
Além disso, traders algorítmicos que utilizam o Bitcoin como referência para o sentimento de risco podem ter liquidado ações durante as negociações na quinta-feira, à medida que a queda da criptomoeda acionou novos sinais de venda. Salman Ahmed, chefe de estratégia macro da Fidelity, reforçou essa percepção, afirmando que as criptomoedas funcionam como um "canário na mina de carvão" em relação ao risco no mercado financeiro.