Putin se diz pronto para guerra com Europa em novo ultimato
O presidente russo, Vladímir Putin, deixou claro nesta terça-feira que está "preparado para uma guerra com a Europa" a qualquer momento, durante uma aparição pública em Moscou. A declaração ocorre enquanto o enviado da Casa Branca, Steve Witkoff, espera por uma reunião com Putin para discutir um novo plano de paz para a Ucrânia, elaborado por Washington e Kiev.
Durante sua fala no fórum \"Rússia Chama!\", Putin revelou que exige ainda mais territórios da Ucrânia e ordenou à sua alta comandância a criação de uma "zona de segurança" ao longo de toda a fronteira com o país vizinho. Essa nova abordagem ressalta a resistência do Kremlin em negociar, mesmo após sugestões de acordos que iam ao encontro de algumas demandas russas.
A reunião, que estava marcada para as 17h00 horário de Moscou, atrasou, e Witkoff foi deixado esperando novamente. Este é o segundo incidente em que Putin faz o enviado americano aguardar; a primeira vez ocorreu em março, quando o envio de Witkoff a Moscou para discutir um cessar-fogo resultou em uma espera de oito horas após uma improvisação de Putin com o presidente bielorrusso, Aleksandr Lukashenko.
Putin aproveitou a oportunidade para ameaçar consequências severas tanto para a Ucrânia quanto para a União Europeia, especialmente após ataques recentes de Kiev a embarcações russas. "Estamos prontos para tomar medidas de represália contra os navios de países que ajudam a Ucrânia", disse, acentuando a tensão na região do Mar Negro, onde Moscou deseja reafirmar controle.
O líder russo enfatizou que não pretende iniciar uma guerra com a Europa, mas se a União Europeia estiver disposta, ele demonstrará que as consequências podem ser drásticas. "Ninguém mais estará em posição de negociar", afirmou, reforçando que sua disposição para o diálogo é restrita a nações que reconheçam a soberania russa sobre os territórios ocupados.
A ausência do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, durante essas negociações levanta questões sobre a seriedade do envolvimento americano. Witkoff, que é um empresário sem experiência diplomática, viajou para Moscou pela sexta vez neste ano, acompanhado de Jared Kushner, genro de Donald Trump. A falta de bagagem diplomática de Witkoff levantou críticas, especialmente da Ucrânia, que o acusa de favorecer a narrativa russa.
Durante esses encontros, surgiram rumores de que Witkoff ofereceu conselhos ao Kremlin sobre como agradar Trump, o que resultou em uma proposta que, segundo críticos, se assemelha à capitulação da Ucrânia. O Kremlin gerou controvérsia ao anunciar a suposta captura de Pokrovsk, uma cidade estratégica na região de Donetsk, o que foi negado por autoridades ucranianas.
Imagens divulgadas pelo Kremlin mostravam Putin em uma situação militar, com seu Chefe do Estado Maior, Valeri Guerásimov, discutindo os avanços nas operações militares. A criação da "zona de segurança" revela uma intenção mais agressiva da Rússia de expandir suas fronteiras sob o pretexto de proteger seu território, o que contraria as alegações de uma intenção de acalmar o conflito.
Em um cenário de crescente tensão, a analista Tatiana Stanovaya, fundadora do Rpolitik, alertou que as expectativas de negociações por parte de outros países estão distantes da realidade do Kremlin. Ela sugere que as demandas atuais do Rússia são apenas a "ponta do iceberg" em um contexto muito mais complexo de exigências máximas.