Amizade e empreendedorismo: a jornada de fundadores de startup
Nathan Ondracek, Ali Dastjerdi e Samuel Ilkka são três amigos que fundaram a Raylu, uma startup de Inteligência Artificial que cria agentes para ajudar investidores do mercado privado a automatizar o trabalho de busca. Recentemente, a Raylu anunciou a captação de US$ 8 milhões em uma rodada de investimento, elevando seu total para US$ 12 milhões. Para os fundadores, a amizade é uma das chaves do sucesso da empresa, e eles criaram um ritual que simboliza essa importância: uma cerveja não aberta na geladeira do escritório, que eles prometem beber caso a startup venha a falir.
A amizade entre Ondracek e Dastjerdi começou em 2015, quando se tornaram colegas de quarto na Harvard University. Eles não imaginavam que um dia se tornariam cofundadores de uma startup ao lado de Samuel Ilkka, que conheceram posteriormente em seu primeiro trabalho. Durante a pandemia, Dastjerdi, que trabalhava remotamente, se juntou a eles em Seattle, solidificando ainda mais a amizade entre os três.
Em 2022, os amigos decidiram deixar seus empregos e formar a Raylu. Ondracek e Dastjerdi lembram que, ao longo de sua amizade, sempre sonharam em empreender juntos, mesmo que muitas de suas ideias iniciais não tenham prosperado. Dastjerdi descreveu o momento como uma "oportunidade única na vida" de construir uma empresa com amigos próximos que considera brilhantes.
Trabalhar juntos não foi uma decisão assustadora, embora haja riscos em misturar amizade e negócios. Dastjerdi contou que recebeu conselhos de um mentor que havia passado pela mesma situação. O mentor fez uma pergunta simples e reveladora: se tivessem uma grande briga, o que aconteceria no dia seguinte? "Provavelmente nada", respondeu Dastjerdi, indicando que a amizade se manteria intacta.
Os três cofundadores destacam que trabalhar como melhores amigos é vantajoso. Eles confiam uns nos outros, superam desavenças rapidamente e conhecem as forças e fraquezas de cada um. Ondracek descreveu a dinâmica do grupo como semelhante à de irmãos, onde as discussões não geram ressentimentos duradouros.
Porém, os desafios surgem. Dastjerdi reconhece que uma das dificuldades era lembrar-se de ser um "amigo normal" fora do trabalho, uma vez que 99% de seus pensamentos giravam em torno da empresa. Para isso, ele criou uma "parede mental" para separar os papéis de cofundador e amigo. Ilkka, por sua vez, teve que aprender a confiar nos colegas para que não precisasse ficar supervisionando constantemente suas atividades.
Os fundadores também aprenderam a celebrar as vitórias de forma mais consciente, pois fazem isso não apenas como empresários, mas como amigos. Ondracek enfatizou que é fundamental comemorar as conquistas, já que ninguém fará isso por eles.
Refletindo sobre a experiência como empreendedores, Ondracek disse que o que realmente importa para uma startup são as pessoas. Ele alertou que ter um bom produto não é suficiente se a equipe não funcionar bem em conjunto. Dastjerdi acrescentou que os fundadores não devem se apegar à ideia muito cedo, pois o verdadeiro ajuste com o mercado é tangível e se distingue claramente da busca inicial por satisfação. Ilkka, por sua vez, recomendou cautela ao iniciar a trajetória de fundador apenas porque outras pessoas estão fazendo isso, sugerindo que o momento certo é quando se está verdadeiramente preparado e movido por um propósito real.
Seja qual for a direção que a Raylu tomar, seus fundadores têm a certeza de que, se o negócio não prosperar, ainda terão momentos para celebrar sua amizade com uma cerveja na mão.