Reação dos ex-comissários da FDA a diretrizes polêmicas sobre vacinas
No último dia 3 de dezembro de 2025, um memorando controverso resultou em uma forte reação de um grupo de 12 ex-comissários da Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos. O documento, redigido pelo atual chefe médico e científico da agência, Vinay Prasad, alegava que as vacinas contra a COVID-19 teriam causado a morte de 10 crianças no país, além de propor mudanças drásticas na forma como a FDA regula e aprova vacinas, incluindo vacinas sazonais como a da gripe.
Os ex-comissários, que juntos supervisionaram a FDA por mais de 35 anos, manifestaram sua "profunda preocupação" em uma carta publicada no New England Journal of Medicine, classificando o memorando como uma "ameaça" ao trabalho da FDA e um perigo à saúde dos americanos. As mudanças propostas por Prasad incluem a substituição de estudos de resposta imune bem estabelecidos, conhecidos como estudos de imunobridging, por ensaios aleatórios dispendiosos e demorados, que podem levar meses ou até anos para cada atualização de vacina.
Críticas à metodologia e alegações de morte
Os ex-chefes da FDA criticaram as alegações de Prasad sobre as mortes de crianças, afirmando que estas foram coletadas através do Vaccine Adverse Event Reporting System (VAERS), que é um sistema que recebe relatos médicos não verificados e que raramente são relacionados a vacinas. Além disso, disseram que essas informações já tinham sido cuidadosamente analisadas pela equipe da FDA, que chegou a conclusões diferentes, indicando que as fatalidades não foram causadas pelas vacinas.
"O memorando não ofereceu explicações sobre os processos e análises que foram utilizados para chegar a esse novo julgamento retrospectivo, nem indicou por que essa avaliação deveria justificar a reescrita em grande escala da regulamentação das vacinas", afirmaram os ex-comissários.
Os ex-comissários também reprovaram as afirmações do atual chefe da FDA, que alegou não haver dados confiáveis sobre os benefícios das vacinas contra a COVID-19 em crianças. Eles destacaram que já existem evidências substanciais demonstrando que a vacinação pode reduzir o risco de doenças graves e hospitalizações significativamente em crianças e adolescentes.
Propostas e suas implicações
A proposta de exigir ensaios completos para atualizações de vacinas, segundo os ex-comissários, não só atrasaria respostas a ameaças evolutivas, mas também elevaria os preços das vacinas, diminuiria a concorrência e sufocaria a inovação no campo. Eles enfatizaram que, se o objetivo fosse reconstruir a confiança do público nas vacinas, isso não poderia ser alcançado através da supressão de críticas e da imposição de decisões unilaterais.
"Se o objetivo é reconstruir a confiança, a resposta não é descartar as regras básicas da ciência, sufocar a argumentação e a supervisão, ou substituir a investigação científica especializada pela tomada de decisão unilateral de alguns indivíduos", concluíram.
Essa situação gerou um debate significativo sobre as diretrizes de vacinação e a regulação de medicamentos em um período em que a confiança pública na saúde e na ciência é crucial para lidar com crises sanitárias.