Flagrante Revela Irregularidades no Hospital Heliópolis
Uma investigação do SP2 revelou que três ginecologistas do Ambulatório de Especialidades do Complexo Hospitalar Heliópolis, localizado na Zona Sul de São Paulo, estavam fazendo compras e participando de aulas de pilates durante o horário de trabalho. A situação gerou apreensão entre os pacientes, que enfrentam dificuldades para agendar consultas.
Pacientes, como Rita de Cássia, relataram que não conseguem marcar consultas ginecológicas há mais de seis meses. Em suas tentativas, sempre recebem a mesma resposta: "A gente está sem médico". A Secretaria Estadual da Saúde já foi notificada e determinou à organização social Albert Einstein, responsável pela gestão do hospital, que faça uma apuração rigorosa dos fatos.
Conduta dos Médicos em Questão
O monitoramento da rotina das médicas Márcia Kamilos, Silmara Fialho e Mara Gomes mostrou que, além de não atenderem pacientes conforme a escala de trabalho, também estavam ativas em compromissos pessoais. Segundo informações apuradas pela TV Globo, a médica Márcia Kamilos não comparece ao hospital há um ano, possuindo um atestado médico de 365 dias. Curiosamente, consultas com ela estão disponíveis em uma clínica particular no bairro dos Jardins.
Uma súmula publicada no Diário Oficial aponta que o afastamento se deu por "capacidade laborativa prejudicada", porém a reportagem descobriu que Kamilos estava participando de congressos e dando aulas em várias localidades.
"A gente se sente humilhada. Você contribui, trabalha a vida inteira e quando precisa, tudo é negado" - Rita de Cássia, paciente.
Relatos de Outros Profissionais
Silmara Fialho e Mara Gomes também foram monitoradas. Em uma das semanas, Silmara chegou com uma hora e meia de atraso e, após atender pacientes pela manhã, deixou o hospital duas horas antes do horário oficial. A equipe da TV Globo acompanhou sua saída para comprovar que ela estava comprando itens fora do ambiente de trabalho. No caso de Mara Gomes, ela foi vista saindo do hospital para uma aula de pilates durante sua jornada de trabalho, o que demonstra uma grave falta de comprometimento com suas obrigações profissionais.
De acordo com dados do Portal da Transparência do Estado de São Paulo, entre janeiro e outubro de 2025, as médicas em questão receberam salários que somam mais de R$ 210 mil. Este fato levanta sérias questões sobre a ética no atendimento médico e as responsabilidades dessas profissionais.
Posicionamento da Administração do Hospital
A administração do hospital já está ciente do afastamento da médica Márcia Kamilos e, segundo nota, a secretaria da Saúde repudia condutas éticas inadequadas. Caso as irregularidades sejam confirmadas, as profissionais podem enfrentar sanções administrativas, trabalhistas e legais, conforme as diretrizes estabelecidas pelo hospital.
A Organização Einstein Hospital Israelita, por sua vez, não se pronunciou sobre as denúncias, mas confirmou que iniciou melhorias em seus controles internos para garantir a supervisão adequada sobre o cumprimento das jornadas de trabalho de seus colaboradores.