Rússia bloqueia Snapchat e Roblox por supostas atividades terroristas
A Rússia anunciou nesta semana o bloqueio de duas plataformas de grande popularidade, Snapchat e Roblox, com a alegação de que estão sendo utilizadas para coordenar atividades terroristas. A decisão foi comunicada pela Roskomnadzor, a agência reguladora de internet e mídia do país, que já havia restringido o acesso ao Snapchat desde 10 de outubro.
Segundo a Roskomnadzor, a medida se baseia em informações de agências de segurança, que afirmam que o Snapchat vem sendo utilizado para organizar e realizar atividades terroristas, recrutar pessoas envolvidas e cometer fraudes e outros crimes contra cidadãos russos. Da mesma forma, o Roblox foi acusado de facilitar a disseminação de propaganda relacionada a atividades extremistas e ter sido utilizado para propagar informações sobre LGBTQIA+, considerada extremista pela legislação russa.
Além disso, a Roskomnadzor também impôs restrições ao serviço de chamadas de vídeo da Apple, o FaceTime, argumentando que ele estava sendo utilizado para coordenar atividades terroristas e realizar atividades fraudulentas. A mídia estatal TASS informou que, de acordo com a Roskomnadzor, medidas restritivas adicionais estão em andamento.
Em resposta às acusões, um porta-voz do Roblox declarou que a empresa busca manter um ambiente seguro e implementa medidas proativas para identificar e prevenir conteúdos prejudiciais na plataforma. "Respeitamos a regulamentação local dos países onde operamos e acreditamos que o Roblox proporciona um espaço positivo para aprendizado, criação e conexão significativa para todos", afirmou.
Antes do bloqueio, a Rússia contava com aproximadamente 2 milhões de usuários ativos diários do Roblox, enquanto os Estados Unidos, por exemplo, possuíam cerca de 11 milhões. A Apple e a Snap Inc., empresas responsáveis pelo Snapchat, não responderam a solicitações de comentários sobre as restrições.
Desde o início da invasão da Ucrânia, a Rússia intensificou a regulamentação da internet, aplicando diferentes graus de medidas restritivas a plataformas internacionais de redes sociais e mensageria, como o WhatsApp e o Instagram, ambos do grupo Meta, bem como o Signal. O Telegram, aplicativo de mensagens fundado pelo russo Pavel Durov, enfrenta restrições parciais, com limitações nas chamadas de voz e vídeo no país.
A retórica do Kremlin em relação à contenção da internet já era utilizada para justificar restrições anteriormente, mas agora é ampliada para incluir questões relacionadas a ataques por parte de ucranianos ou partidaristas anti-Kremlin. No entanto, ainda não está claro se as ações mais recentes estão relacionadas a esses ataques. A situação é complicada ainda mais por ataques e ameaças internas que não têm vínculos fortes com a Ucrânia. Em março de 2024, pelo menos 149 pessoas foram mortas e outras 609 ficaram feridas durante um ataque coordenado em um local de shows em Moscovo, sendo que um ramo do ISIS baseado no Afeganistão assumiu a responsabilidade pelo ataque.