Fei-Fei Li critica exageros na comunicação sobre Inteligência Artificial
A renomada especialista em inteligência artificial, Fei-Fei Li, expressou sua decepção com as narrativas extremas que cercam a IA, afirmando que elas têm causado uma desinformação prejudicial, especialmente entre aqueles que não fazem parte do setor tecnológico. Em uma palestra recente na Universidade de Stanford, Li destacou a necessidade de uma comunicação equilibrada sobre a inteligência artificial e seu impacto sobre a sociedade.
Li, conhecida como a ‘Madrinha da IA’, argumenta que a retórica atual sobre a IA é extremamente polarizada, oscilando entre o apocalipse total e a utopia absoluta. "Eu gosto de dizer que sou a palestrante mais chata na área de IA hoje em dia porque exatamente a minha decepção é a hipérbole em ambos os lados", afirmou durante seu discurso. A especialista ressaltou que a comunicação que acompanha a tecnologia deve ser fundamentada em fatos, e não em extremos que criam pânico ou falsa esperança.
"Estamos lidando com uma narrativa de total extinção e doomsday que diz que a IA arruinará a humanidade, com máquinas dominadoras. Por outro lado, existe o cenário 'total utópico', onde as pessoas usam palavras como 'pós-escassez' e 'produtividade infinita'", continuou ela.
Necessidade de comunicação clara
Fei-Fei Li, além de sua função como professora na Stanford, cofundou a World Labs, uma empresa voltada ao desenvolvimento de modelos de IA que conseguem perceber, gerar e interagir com ambientes em 3D. Durante sua fala, ela ainda ressaltou que essa retórica extrema está invadindo a discussão tecnológica, o que resulta em uma informação distorcida para a população, especialmente para aqueles fora do Vale do Silício.
De acordo com Li, "a população mundial, especialmente aqueles que não estão em Silicon Valley, precisam ouvir os fatos, precisam entender o que isso realmente é". Ela mencionou que a comunicação pública sobre IA e suas implicações não está tão desenvolvida quanto ela gostaria.
Outros especialistas também falam sobre discurso equilibrado
Li se juntou a outros líderes da área, como Andrew Ng e Yann LeCun, que também pedem uma abordagem mais equilibrada na comunicação referente à inteligência artificial. Ng, fundador do Google Brain, mencionou em uma palestra que a inteligência geral artificial (AGI) foi superestimada, declarando que ele acredita que a AGI é superestimada e que, por muito tempo, haverá atividades que humanos podem realizar e que a IA não consegue.
Yann LeCun, ex-chefe de ciência de IA da Meta, também expressou opiniões semelhantes sobre as limitações dos modelos de linguagem, dizendo que eles são úteis, mas não constituem um caminho para a inteligência ao nível humano. Recentemente, LeCun anunciou que deixaria a Meta para iniciar uma nova startup de IA.
O futuro da Inteligência Artificial
Com a crescente presença da IA em diversas indústrias, as discussões sobre seus efeitos desejados e indesejados estão mais relevantes do que nunca. A chamada para uma narrativa mais equilibrada, como defendido por Fei-Fei Li, é essencial para garantir que o público compreenda as realidades da IA e não caia em extremos que não refletem a complexidade desta tecnologia inovadora.