Joan Manuel Serrat é celebrado na Feria Internacional do Livro de Guadalajara
O cantor e compositor catalão Joan Manuel Serrat foi recebido como um verdadeiro ídolo na Feira Internacional do Livro (FIL) de Guadalajara, no México. Em um momento em que seu show se tornou um fenômeno de público, Serrat enfrentou a difícil situação de um auditório superlotado, onde muitos fãs não conseguiram entrar e clamaram por "portas abertas com Serrat".
Durante sua apresentação, Serrat não pôde ignorar o tumulto gerado pelas pessoas que ficaram do lado de fora, fato que o levou a interromper a conversa por cerca de quinze minutos, irritado pela impossibilidade de ouvir seu amigo, o famoso escritor Benito Taibo.
A amizade entre eles remonta ao período em que Serrat se exilou no México, fugindo da repressão do franquismo. E, mesmo diante de toda a comoção, Serrat recordou: "Deixei de ser alguém que viajava para o México, para ser alguém que conhecia e amava o México." Para expressar seu carinho, o público usou até aplausos em linguagem de sinais, evitando o barulho que atrapalhou o começo do evento.
Horas antes, a expectativa era palpável. No lobby do hotel onde Serrat estava hospedado, fãs e jornalistas não conseguiram conter a emoção ao avistar o cantor. Uma repórter chegou a pedir uma foto e comentou sobre sua neta, cujo nome é Lucía, que ele homenageou em uma canção. O artista teve dificuldade para chegar ao local de sua apresentação devido a tantos pedidos de selfies e autógrafos.
A agenda do cantor estava repleta de atividades, incluindo entrevistas com a mídia e um recebimento do título honoris causa pela Universidade de Guadalajara. Na ocasião, Serrat aproveitou para relembrar a amizade com o escritor cubano Leonardo Padura, demonstrando sua admiração pela obra dele.
Como um grande embaixador da cultura catalã no México, Serrat afirmou: "Se não me tivessem convidado, eu mesmo teria me convidado". Esse amor pela cultura se refletiu em sua disposição durante as palestras e interações com o público, onde foi questionado sobre diversos temas, desde a poesia até a atual situação política.
Em um momento de lucidez e humor, quando questionado se pensava em catalão ou espanhol, Serrat respondeu: "Bastante esforço faço em pensar como para pensar em que penso". Ele sempre utilizou sua música como um meio de conectar culturas, e durante o evento, abordou questões sociais sérias, como a migração e a ascensão da extrema direita.
Com a participação de jovens no diálogo, Serrat foi elogiado por sua capacidade de tocar a emoção das novas gerações, que se mostraram fascinadas com sua música. "A canção leva quem a escuta aonde precisa ir", declarou o cantor, ressaltando a força unificadora da música em tempos difíceis.
O evento se tornou não apenas uma celebração da música, mas também uma troca de experiências intergeracionais, onde fãs de longa data se reuniram para relembrar os primeiros passos de Serrat na carreira. Momentos de humor e música se entrelaçaram, culminando em uma cena emocionante quando um fã entoou a canção "Cantares", emocionando todos os presentes e configurando um momento mágico que reforçou o legado do artista.
Joan Manuel Serrat, com suas canções e sua presença marcante, provou mais uma vez ser um embaixador não apenas de uma cultura, mas de todos aqueles que acreditam no poder da música como uma força transformadora.