A nova administração de Rodrigo Paz na Bolívia, que começou a governar em novembro de 2024, já apresenta um foco significativo em investigar a corrupção relacionada à gestão anterior do Movimento ao Socialismo (MAS). Em um movimento para abordar as preocupações com a má administração e os alegados desvios de recursos, Paz anunciou a criação de ao menos 10 comissões de verdade. Estas comissões têm o objetivo de auditar instituições públicas e levar à justiça aqueles responsáveis por possíveis crimes, incluindo a malversação de fundos.
Durante uma coletiva de imprensa, Paz declarou que os danos financeiros atribuídos a gestões anteriores chegam a incríveis 15 bilhões de dólares. "É crucial mostrar ao povo a verdadeira extensão da corrupção deixada por aqueles que governaram antes de nós", afirmou o presidente, enfatizando a importância da transparência e da responsabilização dos culpados. Entre as comissões, uma destacada é a que investiga a produção e administração de combustíveis, especialmente crucial dado que a queda nas exportações de combustíveis - uma redução de 66% desde 2014 - tem contribuído para a escassez de dólares em circulação e a inflação crescente no país.
Effectos Iniciais e Casos Notáveis
As primeiras ações das comissões revelaram casos significativos, incluindo investigações na Empresa de Apoio à Produção de Alimentos (EMAPA). Franklin Flores, ex-gerente da EMAPA e antigo deputado do MAS, está sendo investigado por estar supostamente envolvido em um esquema de corrupção, no qual farinha subsidiada seria vendida a um preço amplamente inflacionado por líderes de sindicatos. Recentemente, Rubén Ríos, um dos principais implicados, foi preso sob a acusação de enriquecimento ilícito.
Paz expressou sua surpresa em relação à corrupção nas subsidiárias do governo, afirmando: "Vamos lutar para garantir que o preço dos alimentos seja o adequado, mas não vou sustentar corruptos que exploram o sistema de subsídios para benefício próprio". Enquanto as investigações continuam, muitas cidades do país têm relatado escassez de produtos básicos devido à incerteza econômica.
Outra comissão sob investigação diz respeito ao extinto Fundo de Desenvolvimento para os Povos Indígenas (Fondioc), que foi encerrado em 2015 depois que sua líder, Nemesia Achacollo, foi condenada por não cumprir com a execução de projetos valendo cerca de 10 milhões de dólares. Recentemente, a ex-deputada Lidia Patty do MAS foi detida por receber 100 mil dólares do governo para projetos falidos relacionados à agricultura.
Desdobramentos e Futuras Investigações
Com várias instituições sob a mira da justiça, incluindo Yacimentos Petrolíferos Fiscais Bolivianos (YPFB) e o Instituto Nacional de Reforma Agrária (INRA), o trabalho dessas comissões promete ser abrangente. Paz enfatizou que todos os casos serão investigados sem exceções, e afirmou que a sociedade boliviana merece saber a verdade sobre o que aconteceu com os recursos públicos ao longo dos anos. "Precisamos entender onde foram parar os 60 bilhões de dólares que recebemos do gás", questionou o presidente, ressaltando a importância de um governo responsável e ético.
A continuidade dessas investigações e a formação de novas comissões de verdade estabelecerão um precedente em termos de governança e transparência na Bolívia, sinalizando um possível ponto de virada para a confiança pública nas instituições governamentais.