Justiça mantém 80% dos funcionários dos Correios em atividade durante greve
A partir da noite de quarta-feira, dia 16 de dezembro, parte dos funcionários dos Correios iniciou uma greve, em meio a negociações sobre salários e condições de trabalho com os sindicatos da categoria.
Na última sexta-feira, dia 19, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que os sindicatos mantenham 80% dos trabalhadores em atividade em cada unidade da empresa. Esta decisão surgiu após um pedido da estatal, que argumentou que a paralisação poderia causar prejuízos à população. Além disso, o TST proibiu qualquer bloqueio à circulação de pessoas, encomendas e cartas, estabelecendo uma multa de R$ 100 mil para sindicatos que descumprirem essa ordem.
A decisão da ministra Kátia Magalhães Arruda destacou que, mesmo sendo o direito de greve garantido por lei, existem limites, especialmente quando se trata de serviços públicos essenciais, como os Correios, cuja operação é de responsabilidade do Estado. A ministra enfatizou a importância de manter a maior parte do efetivo em operação devido à proximidade do Natal, um período que representa um aumento significativo na demanda por serviços postais.
Continuação das Negociações
A ministra salientou que a greve foi declarada antes do término das negociações, que ainda estão em andamento com a mediação do TST. Ao longo do processo, Correios e sindicatos participaram de 19 reuniões e concordaram em prorrogar o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2024/2025 enquanto as negociações progrediam. Durante uma audiência realizada no dia 16 de dezembro, ficou decidido que a proposta construída na mediação seria levada a assembleias da categoria no dia 23 de dezembro, com a assinatura do novo ACT prevista para o dia 26. No entanto, parte dos sindicatos decidiu iniciar a greve, o que, segundo a ministra, compromete a boa-fé nas discussões já que havia um compromisso explícito de não deflagrar greves enquanto o diálogo estivesse em andamento. Vale destacar que essa decisão é liminar e será analisada em caráter definitivo após a apresentação das defesas pelas entidades sindicais.
Em um comunicado, os Correios informaram que a paralisação impactou ao menos nove estados, mas acrescentaram que a maior parte dos sindicatos não aderiu ao movimento. A empresa confirmou que 91% dos funcionários estão trabalhando normalmente em todo o Brasil, assegurando a continuidade dos serviços essenciais.
Crise Econômica nos Correios
Os Correios enfrentam uma crise econômico-financeira severa, acumulando mais de 13 trimestres consecutivos de prejuízo. Em 2023, a estatal reportou um prejuízo de R$ 633 milhões, que se ampliou para R$ 2,6 bilhões em 2024. No acumulado de janeiro a setembro de 2025, os Correios registraram um déficit de R$ 6 bilhões, podendo fechar o ano com um resultado negativo de R$ 10 bilhões. Em resposta à crise, o governo começou a discutir um plano de socorro, que pode envolver tanto um aporte direto de recursos quanto a obtenção de empréstimos bancários com garantia do Tesouro Nacional. O Ministério da Economia já aprovou um pedido de empréstimo com garantias, que faz parte do plano de reestruturação dos Correios, totalizando R$ 12 bilhões. Caso a estatal não consiga honrar as parcelas do empréstimo, o Tesouro cobrirá a dívida, com uma taxa de juros estabelecida em 115% do CDI, abaixo do teto de 120% do CDI que havia sido definido pelo Tesouro.
Atualmente, os Correios reafirmam sua disposição para continuar o diálogo responsável e angariar soluções viáveis para a manutenção dos empregos e da sustentabilidade da empresa. Os Correios permanecem compromissados em construir um consenso com os representantes dos trabalhadores sob a mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST).