PSOE e Sumar enfrentam crise interna após reunião tensa
A recente reunião entre os partidos PSOE e Sumar deixou evidente a profundidade da crise interna que afeta o governo de coalizão na Espanha. O encontro, realizado para discutir soluções para a complicada situação que enfrenta o Executivo, demonstrou que as divergências entre os dois lados continuam amplas. Fontes próximas aos partidos revelam que a distância entre os aliados se ampliou, complicando ainda mais o ambiente político.
O Sumar, que exige reformas significativas e intensificou seu tom ao alertar que "persistir no bloqueio da legislatura põe em risco o acordo de investidura", reabriu o debate interno sobre a sua continuidade no governo. Enquanto isso, o PSOE mantém uma postura defensiva, afirmando que existem "mais pontos em comum do que discrepâncias", mas sem acenar para as reivindicações dos parceiros.
Pedro Sánchez também reconheceu, durante uma visita a Bruxelas, seu encontro com a vice-premiê Yolanda Díaz, que provocou desconforto em La Moncloa ao solicitar uma "remodelação profunda" do gabinete na mídia. O Sumar insiste na necessidade de mudanças formais, aliadas a um impulso político que possa revitalizar o eleitorado progressista, além de medidas legislativas urgentes, especialmente relacionadas à habitação.
Tensões em pauta
Uma das principais questões debatidas foi a prorrogação da suspensão dos despejos, que termina em 31 de dezembro, e a situação dos contratos de aluguel que se aproximam do vencimento. O encontro entre membros do PSOE e líderes de outras siglas, como Izquierda Unida e Más Madrid, não trouxe avanços concretos.
Além disso, temas como os casos de corrupção e assédio sexual que estão sendo investigados em relação ao PSOE foram abordados, levantando preocupações sobre a possível imputação do partido por financiamento ilegal. A ausência de uma postura clara do PSOE em relação a esses escândalos pesa na dinâmica de apoio entre as partes.
“Se não fizer nada, nos arrasta a todos”, afirmou um membro do Sumar, expressando a urgência de reação.
O comunicado emitido pelos quatro partidos que compõem o Sumar após a reunião refletiu um profundo descontentamento com a situação. Eles enfatizaram que, embora reconheçam os desafios enfrentados pelo governo, isso não deve ser uma justificativa para permanecer isolados e sem resposta às exigências da sociedade por mudanças.
Expectativas futuras
O clima de incerteza continua a pairar sobre a coalizão governamental. Um dos participantes da reunião resumiu a situação dizendo: "Não há norte, estão em choque". Apesar de a secretaria de organização do PSOE, Rebeca Torró, ter classificado o encontro como não político e criticado a abordagem da vice-premiê em solicitar mudanças ministeriais, a tensão entre as partes permanece alta.
Embora o partido de Pedro Sánchez tenha evitado um confronto público, não mostrou disposição em atender às demandas apresentadas pelo Sumar, nem mesmo convocando a comissão de acompanhamento do pacto de governo. Em um comunicado separado, o PSOE reiterou seu compromisso com políticas de "tolerância zero" à corrupção, embora o Sumar tenha caracterizado a abordagem do PSOE como conservadora e desmotivadora para o eleitorado progressista.
Com o final do ano se aproximando e um cenário político delicado, tanto o PSOE quanto o Sumar se veem diante de uma encruzilhada. As próximas semanas serão cruciais para definir o futuro dessa coalizão e as esperanças de seus eleitores em um governo que atenda às suas necessidades e expectativas.