Entidades de Badalona se unem para acolher migrantes após desalojo
No último final de semana, diversas entidades em Badalona, cidade da Catalunha, conseguiram mobilizar esforços para acolher migrantes em situação irregular que foram desalojados do antigo instituto B9. Este espaço servia como abrigo improvisado para cerca de 400 pessoas, que foram forçadas a deixar o local após o despejo realizado na quinta-feira.
Na noite de sábado, a organização Badalona Acull anunciou que o casal independentista Sala i Pont estava preparado para receber uma quinzena de migrantes. Além disso, a organização CC OO disponibilizou um espaço em um armazém para que os migrantes pudessem guardar seus pertences e carregar seus dispositivos móveis. No domingo, a Cáritas também anunciou que habilitaria mais 15 vagas na paróquia Montserrat, contando com a ajuda da Cruz Vermelha e do departamento de Direitos Sociais.
As duas instalações devem abrigar os desalojados das 20h às 8h da manhã. Algumas famílias também estão acolhendo jovens de origem subsaariana nas suas casas. Em meio a chuvas torrenciais durante o final de semana, muitos migrantes se encontraram em situações extremamente precárias, com alguns optando por passar a noite sob um viaduto após a desocupação do B9.
O desalojo do B9 expõe a falta de apoio das administrações devido ao que se considera abandono frente à miséria itinerante. O governo do prefeito Xavier Garcia Albiol deixou claro que não se responsabilizaria pela situação dos migrantes após sua remoção. Das 400 pessoas inicialmente abrigadas, cerca de 200 deixaram o local antes da operação e um grupo ficou exposto às intempéries durante a noite de desalojo.
Segundo as informações divulgadas pela Cáritas, as pessoas que terão a oportunidade de pernoitar na paróquia foram escolhidas com base em critérios de “especial vulnerabilidade”. A aliança entre as organizações inclui a Cáritas, Sant Joan de Déu Serveis Socials e a Fundació Llegat Roca i Pi, que estão colaborando para oferecer serviços essenciais.
No decorrer do dia, os abrigados têm acesso a chuveiros e serviços de lavanderia disponíveis no Centro Diurno Folre, que atende a pessoas em situação de rua. Este centro foi fechado pelo prefeito Albiol, que descontinuou o único abrigo público disponível na cidade. Para suprir a necessidade imediata, a Cáritas também está providenciando estadia em pensões para cinco pessoas do B9 durante um mês, enquanto busca novas alternativas de abrigo.
Atualmente, as entidades locais estão atendendo 321 pessoas em residências e 27 em um centro de acolhimento, conforme dados da Taula Sense Llar de Badalona. Porém, as organizações pedem que a assistência ao sinhogarismo seja uma prioridade municipal, com políticas e recursos apropriados, em colaboração com o terceiro setor e outras instituições governamentais.
Carles Sagués, uma das principais lideranças da Badalona Acull, destaca a urgência de uma resposta efetiva a essa crise. Sagués, que tem trabalhado ativamente em casos de despejos e outras situações difíceis nas últimas décadas, alerta que o acordo estabelecido até agora entre a Generalitat e as organizações não é suficiente para atender a demanda crescente de apoio aos migrantes e à população vulnerável. Ele expressa a esperança de que as autoridades catalãs também tomem medidas adicionais para fornecer abrigo e assistência adequados.
