Em uma sessão recente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o ministro João Otávio de Noronha gerou polêmica ao fazer uma piada considerada preconceituosa sobre baianos durante uma conversa sobre basquete. A situação ocorreu após o ministro Raul Araújo mencionar uma lesão no menisco que sofreu enquanto jogava basquete. Aproveitando a deixa, Noronha, que é natural de Minas Gerais, fez a infeliz observação de que ‘o baiano é tão ágil que, quando joga basquete, a bola só cai na cesta no sábado’. A declaração provocou risadas entre os colegas, mas rapidamente o ministro se retratou, explicando que tem grande simpatia pelo estado da Bahia.
A piada, que muitos consideraram inadequada para um ambiente formal como o STJ, levantou questões sobre a diversidade e a sensibilidade nos discursos públicos. Noronha, um jurista respeitado e ex-presidente do STJ, utilizou o humor para responder a um comentário de Araújo, no entanto, a situação tomou um rumo inesperado. Ele mesmo reconheceu ter um apreço especial pela Bahia, mencionando o carinho que tem pela gastronomia local, especialmente oacarajé.
A repercussão do ocorrido foi imediata, com uma diversidade de opiniões sobre a natureza da piada. Enquanto algumas pessoas interpretaram a fala de Noronha como uma simples brincadeira e um caso de humor inofensivo, outros apontaram o desagrado de fazer piadas que podem reforçar estereótipos culturais negativos, especialmente em um ambiente onde as discussões sobre preconceitos estão cada vez mais em evidência.
A situação também trouxe à tona debates mais amplos sobre como o humor é percebido em contextos formais, como o do Judiciário. Em tempos de crescente conscientização social sobre questões de preconceito e discriminação, a piada levantou críticas sobre o que é aceitável no discurso público, ainda mais quando proferida por figuras públicas que ocupam posições de relevância na sociedade.
A repercussão também destacou o fato de que, mesmo em ambientes de trabalho, a questão da linguagem e dos tipos de humor utilizados continuam sendo pontos delicados. A falta de um posicionamento oficial do STJ sobre a declaração de Noronha pode sinalizar uma hesitação em discutir assuntos que envolvem a igualdade e respeito entre as diversas culturas e regiões do Brasil.
Enquanto o público e profissionais do Direito se mobilizam para expressar suas opiniões sobre o ocorrido, a expectativa agora gira em torno de um eventual posicionamento do Superior Tribunal de Justiça e suas implicações, podendo influenciar futuras condutas de membros da alta corte e moldar o debate sobre como os estereótipos são tratados no país.